A partir de que idade, em média, as crianças já têm consciência de que todo ato que fizerem resultará em consequências positivas ou negativas? Qual a importância de criar filhos cientes de sua responsabilidade na hora de assumir as consequências de seus atos? Questionamentos como estes certamente fazem parte do dia a dia de muitos pais. Conheça mais sobre o assunto a partir das considerações apresentadas pela psicóloga Cláudia Sbaraini.
Uma criança somente começa a ter uma maior consciência de suas atitudes a partir de um ano de idade. Antes disso, conforme a psicóloga Cláudia Sbaraini, “um bebê, quando muito pequeno, ainda não tem consciência de seus atos, sua relação com o meio ambiente é medida pelas suas sensações de prazer e desprazer, tudo o que é sentido como gratificante, suas satisfações, como, por exemplo, as alimentares e de sono, lhe dão prazer e todas as suas insatisfações, como fome e sono lhe dão desprazer.”
É, portanto, a partir desse primeiro ano de vida que muitos pais percebem que a criança já começa a fazer algumas manhas, o que significa que ela já começa a relacionar-se de uma maneira mais ativa e participativa, fazendo suas exigências e tendo seus hábitos e costumes mais adaptados. “Nesta idade, ainda muito precoce, a criança ainda não tem tanta consciência de que suas atitudes possam ser positivas ou negativas, ela não tem essa percepção do que é certo ou errado, sendo que não pode ser punida e muito menos ser castigada por atitudes erradas. No entanto, já se pode ensinar a ela o que significa a palavra não e distraí-la no sentido de mostrar-lhe outro estímulo, quando repetidas vezes a criança teima em fazer algo que não é correto ou em mexer em algo que não pode, o que é muito comum nesta idade.”
A partir dos dois anos de idade, de acordo com a psicóloga, a criança já tem bastante consciência de seus atos, sabendo como interferir nas atitudes dos pais e estando mais atenta ao que acontece ao seu redor, sendo que a partir desta idade é importante que os pais possam ter um olhar mais cuidadoso sobre as crianças, suas atitudes e sobre os limites que estão dando a elas: “É comum nesta idade as crianças testarem os pais para verem até onde eles irão nos limites, elas tornam-se insistentes e exigem muito dos pais. A criança já entende o que é certo e errado e já pode ser mais responsabilizada por suas atitudes, mas responsabilizada de acordo com a sua idade.”
Segundo Cláudia, com o avanço da idade, a criança também já pode ter um aumento maior de suas responsabilidades, pois também tem uma maior noção de seus atos e de como isso pode ter consequências na sua família, nos seus estudos e em sua vida, ou seja, quanto maior a criança maior será a amplitude que ela terá da consequência de suas atitudes, sejam positivas ou negativas.
Pais superprotetores
“Pais que superprotegem seus filhos acabam tornando as crianças muito dependentes e manipuladoras, fazendo com que muitas vezes as mesmas escondam suas atitudes erradas atrás desse excesso de cuidado, ou seja, adotam atitudes de vítimas para não assumir seus erros, para fazer com que os pais não as culpem”, alerta Cláudia. Geralmente pedem aos pais para que resolvam qualquer tipo de problema, como, por exemplo, conflitos que acontecem na escola, seja com colegas ou com professores. Portanto, acabam perdendo muito de sua autonomia e senso crítico. Neste sentido, cabe aos pais o bom senso de oferecer aos filhos um ambiente propício para que se desenvolva na criança um bom discernimento entre o que é certo e errado diante das consequências de suas atitudes.
Certo e errado
A psicóloga explica que quanto mais cedo ensinarmos para as crianças o que é certo e errado e que suas atitudes têm consequências maior será a garantia de que estamos formando adultos responsáveis e conscientes de suas atitudes. “Assim como na vida sabemos que todos nossos atos resultam em respostas, como por exemplo, que se não acordamos cedo para ir trabalhar poderemos não ter emprego, que se não formos bons profissionais corremos o risco de sermos demitidos, se não formos carinhosos com nossos amigos poderemos ficar sozinhos, e assim por diante, a criança também desde cedo já pode aprender que as atitudes erradas dela também poderão fazer com que perca algo. Pais não querem que seus filhos mintam, não querem que seus filhos peguem objetos que não sejam seus, não querem que seus filhos tirem nota baixa na escola, não querem que seus filhos briguem, portanto, para isso, é preciso educá-los, com paciência e com carinho para ensinar que na vida existe o que é certo e errado, e que geralmente atitudes negativas nos trazem respostas negativas, e o contrário disso, quanto mais nos cercarmos de atitudes positivas mais teremos um retorno muito mais favorável.”