Ter um filho é uma grande responsabilidade. Ele chega com um “cartão de existência” para os pais: “estou aqui, cheguei, o que vocês me oferecem?”. Começa então a missão dos pais de cuidar e de educar. E essa relação inicial é o alicerce para formar laços fortes e, consequentemente, a criação de uma família unida.
Esta história não foi diferente também para Carlos Cristiano Prediger, 35 anos, morador de Palmas. Só que o destino reservou-lhe uma página especial contada a partir de 1976, na cidade de Três Passos. A mãe Lori, 61 anos, quatro filhos, diz que Carlos nasceu aos sete meses e contraiu junto da irmã gêmea que não sobreviveu, paralisia cerebral ainda no útero. Incubado com 1,2 quilos, lutou pela vida e os primeiros sintomas da doença começaram a aparecer. Aos três anos, começou a caminhar na ponta dos dedos e a família teve que optar por uma cirurgia de dilatação dos nervos principais das pernas. A dificuldade no deslocamento ainda hoje é a principal sequela.
Estudou com acompanhamento e chegou a cursar a 7ª série. Em 1994 a família mudou-se para Arroio do Meio. Em 2002, aos 25 anos, Carlos Cristiano teve sua primeira carta de admissão assinada pela Avipal, hoje BRF Foods. Por nove anos atuou na vacinação e sexagem de pintos até que o problema físico o impediu.
Carlos é um rapaz extrovertido e foi observando a excepcionalidade em outros que tomou a decisão de não reclamar mais da vida. Hoje faz companhia para a mãe, visita amigos, irmãos. Embora ainda meio deslocado da rotina de trabalho e dos colegas, procura manter-se sempre alegre. A força de vontade não o deixa desanimar. Com um sorriso sempre pronto, voz firme, Carlos utiliza todas as suas forças para deslocar-se até o ônibus ou mesmo a pé. A limitação vira força para a superação.