De acordo com a psicóloga Cláudia Sbaraini, a alienação parental ocorre quando um dos genitores, pai ou mãe, é afastado do convívio da criança. O que vemos na maioria dos casos é a alienação paterna, ou seja, a criança é criada somente pela mãe e é afastada do convívio do pai. Em alguns casos, tal situação pode ocorrer quando há perda do pátrio poder por questões legais, como violência doméstica, sendo que a criança precisa ser protegida e afastada de algum agressor como meio de proteção.
No entanto, em muitos casos, Cláudia explica que “a alienação parental ocorre de maneira mais silenciosa, como consequência de separações desastrosas e difíceis, nestes casos, muitas vezes a criança acaba tornando-se um instrumento de ataque, onde a mesma é usada como arma para agredir o companheiro que foi afastado do seu convívio. A criança então, passa a perder a confiança no genitor que foi alienado, sentindo muitas vezes, tristeza, medo, insegurança e até raiva.” São sentimentos muito confusos para ela, onde a mesma não compreende quais os verdadeiros motivos que levaram a tal afastamento. Para ela há um misto de sensação de perda e de abandono e, em muitos casos, a criança sente-se culpada, como se fosse ela que tivesse ocasionado tal situação. A criança também cria uma dependência muito grande de seu cuidador, acreditando que não conseguirá sobreviver sem ele.
Segundo Cláudia, atualmente tem se usado muito um termo chamado de Síndrome de Alienação Parental, termo este criado em 1985 por um americano chamado Gardner. A Síndrome de Alienação Parental é um distúrbio que ocorre em crianças e adolescente menores de idade expostos a disputas judiciais de seus pais e se manifesta pela rejeição exagerada e injustificada de um dos genitores, como resultado de manipulação psicológica por parte do outro genitor: “ É como se um dos genitores fizesse uma lavagem cerebral na criança, destruindo a relação da criança com o genitor que está afastado. Como consequência a criança ou adolescente pode adoecer e desenvolver sintomas mais sérios, como conduta antisocial, agressividade, desobediência, impulsividade, ansiedade, depressão e problemas em suas relações sociais. Em crianças mais novas, podem ocorrer, alterações de sono e de alimentação, condutas regressivas e distorção da realidade. Muitos estudos realizados a longo prazo comprovaram que crianças que passaram por tais processos acabaram desenvolvendo uma imagem negativa sobre si mesmo e baixa autoestima, provavelmente decorrente do ódio que tiveram que internalizar em função da situação que viveram.”
Um alerta
Neste sentido, Cláudia alerta que as consequências do afastamento de um filho e destruição da imagem de um genitor trazem consequências graves e marcantes para a personalidade de uma criança ou adolescente, consequências que poderão interferir na sua maneira de relacionar-se com os outros e até interferir na sua qualidade de vida. Muitas vezes, esta é a consequência de mágoas e situações mal resolvidas dos pais com eles mesmos e é o filho que acaba pagando a conta. “Não é raro que muitas disputas judiciais envolvam questões financeiras, por exemplo, como o pagamento da pensão, no entanto, está é uma situação que cabe aos pais resolverem, a criança não pode ser envolvida nesta questão, seu relacionamento com seu pai ou mãe não envolve esta situação e ela nem deve tomar conhecimento desta problemática deve ser preservada disso, para que cresça segura e com boa autoestima”, orienta Claudia. O que ocorre geralmente é que a partir do momento em que a criança vai crescendo e amadurecendo, ela naturalmente vai tomando conhecimento de quem são as pessoas que realmente cuidam dela e se importam com ela, sem que para isso precise ser destruída a imagem de alguém que ela gosta ou que seus próprios sentimentos precisem ser manipulados.
Por fim, Cláudia afirma que a alienação parental, quando não envolve um caso de proteção à criança, torna-se uma atitude egoísta e também uma mentira à criança ou adolescente: “Uma atitude extremamente prejudicial que poderá trazer problemas para a vida toda. É algo imposto a um filho, onde ele não tem muito escolha, onde há perdas e danos. Por mais dolorosa que possa ser uma separação, por mais injustiçado que um pai ou uma mãe possam sentir-se, é importante que os pais possam ter em mente que seu filho não deva ser envolvido na situação conflituosa de ambos, pois proteger é a melhor forma de demonstrar seu amor.”