À traição na madrugada de terça-feira passada esfaquearam o mascote da Copa do Mundo de 2014, o boneco gigante de aproximadamente 7 metros de altura do tatu-bola, que estava em exposição na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Alguns dias antes, em Porto Alegre – no Largo Glênio Peres – durante protesto, de um grupo que se auto-intitula “Defesa Pública da Alegria”, outro tatu-bola também foi derrubado e a alegria acabou rimando com pancadaria.
Eles reclamam e têm todo o direito. Acreditam que os espaços públicos estão sendo privatizados, mas privatizaram um pedaço público da Capital para brigar com policiais militares. O boneco vestia a camisa de um refrigerante patrocinador da Copa. E daí? As crianças gostavam, as famílias registravam e os incomodados que se mudassem, trocassem de calçada, ora. Tem espaço para todos na cidade. Só não precisamos de mais violência, de movimentos intolerantes. Cadê a alegria?
Na semana passada, um amigo que estava em greve – ele é bancário – me contou uma história muito engraçada a respeito de exageros. Foi almoçar com um grupo de companheiros que também participavam da paralisação quando um deles, ao ver que os demais colegas serviam-se de carne bradou: “Assassinos!” E passou a xingar os frigoríficos que torturam bovinos, aves e outros bichos, “só para alimentar vocês, carnívoros!” O clima esquentou. Um não vegetariano justificou que o brócolis que deitara em seu prato, banhado em azeite de oliva e vinagre, um dia estivera vivo e feliz em uma horta. Igual a todos os legumes e hortaliças servidos naquele buffet.
Encurralado, só restou ao vegetariano apelar e contra-argumentou, que já existem es¬tudos comprovando que o ser humano poderá vir a alimentar-se de luz!. A coisa prometia esquentar e meu amigo, com muito bom humor, aproveitou a deixa: “Neste caso tem um lado positivo e outro negativo: alimentadas de luz, as pessoas deixarão de liberar aqueles desagradáveis e malcheirosos gases para estourarem flashes de luz. Além dos clarões em locais inusitados, não correrão o risco de queimar as roupas íntimas?” A risada que se sucedeu desarmou os espíritos, já carregados de energia para muitos raios e trovões. Então, ao celebrarmos o Dia das Crianças, nos permitamos sermos realmente defensores da alegria. Sem o exagero do vandalismo.