Arroio do Meio – Uma reivindicação antiga de quatro comunidades foi entregue nessas quarta-feira e quinta-feira. Simbolicamente, a inauguração do poço artesiano dos quilombolas do morro São Roque, na localidade de Palmas, serviu para apresentar à população os projetos para evitar que moradores da zona rural tenham problemas com a falta de abastecimento de água.
A entrega no mesmo local, por duas vezes, ocorreu devido à incompatibilidade de agenda entre o secretário de Desenvolvimento Rural (SDR), Ivar Pavan, e o superintendente da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) Gustavo de Mello. A escolha pelos quilombolas se deve à urgência da obra: a reivindicação por água potável ininterrupta ocorria há 20 anos.
Como destacou o vice-prefeito, Áurio Scherer, se trata de uma maneira de diminuir as “dívidas” que o município tem com a comunidade negra. A obra foi realizada pela Funasa, que aplicou R$ 100 mil – destinados por meio de emenda parlamentar dos deputados Osmar Terra e Edson Brum, ambos do PMDB. O governo do Estado participou com a cedência de máquinas, enquanto que o Executivo auxiliou com o combustível, a hospedagem e a alimentação dos funcionários.
A obra contou com o apoio da AES Sul, que investiu cerca de R$ 70 mil para instalar uma rede de energia elétrica, suficiente para bombear a sucção da água e atender os cerca de 30 moradores quilombolas.
Para a presidente da associação local, Loni Maria da Silva, 46, o poço artesiano suprirá outras carências da comunidade. Além do consumo da água, o reservatório também será usado para a busca de geração de renda. Uma das ideias é aproveitar a abundância para usar na produção – hoje mais para subsistência.
Mello, superintendente da Funasa, destacou que este auxílio se deve à parceria feita com o município, que entregou projetos bem desenvolvidos, aliado à confiança dos deputados federais na unidade. Brum acrescentou que a obra mostra que, mesmo com a diferença ideológica dos partidos envolvidos, é possível buscar o bem comum.
Ao todo, cerca de 500 famílias foram beneficiadas com investimentos em poços artesianos. Além de São Roque, houve recursos para os moradores de Dona Rita, Forqueta e Picada Café.
Microaçudes
Outra obra inaugurada nessa quinta-feira, agora só com a presença de Ivar Pavan, foi o microaçude na propriedade de Astor Klaus, em Picada Café. A estrutura é uma das 25 construídas em parceria entre o município e o governo do Estado, por meio do Programa Estadual Irrigando a Agricultura Familiar.
A busca por recursos iniciou em 2010 e o aporte financeiro foi viabilizado em um acordo feito com a secretaria de Agricultura. O Estado foi o responsável por levantar os nomes dos produtores, enquanto a Emater se responsabilizou pelo projeto técnico. Os produtores entraram com 20% do valor necessário – o restante foi aplicado pelo Estado.
A gestão de Sidnei Eckert foi elogiada tanto por Pavan quanto por Brum. Ambos destacaram as diversas visitas feitas a Porto Alegre e Brasília na busca de dinheiro para aplicar no município.
Klaus ressaltou que o microaçude ajudará a propriedade tanto nos momentos de estiagem, quanto na geração de mais renda. A atividade principal é na cadeia leiteira, com 16 vacas para ordenhar, mas também investe na piscicultura. Ao todo, são três açudes na propriedade, que contribuem para a melhoria econômica da família.