O jornalista Fernando Albrecht mantém uma coluna diária na página 3 do Jornal do Comércio e participa do programa Jornal Gente, na Rádio Bandeirantes AM de Porto Alegre, botou o dedo na ferida em seu blog na edição da última terça-feira. Vejam:
Ao ler sobre a desunião de políticos gaúchos em comparação com seus colegas nordestinos, que remam unidos por uma causa regional e não apenas partidária, mais uma vez me vem à mente o que até os cuscos de galpão e as corujas de corredor sabem: somos um Estado de desunidos, caranguejos que nunca conseguem escapar da cesta porque os de baixo puxam os de cima de volta para baixo. De alguns tempos para cá ouço muitos executivos aculturados afirmarem que aqui impera o grenalismo. Sim, mas só um detalhe: o grenalismo é consequência, não causa.
O que impera aqui é o fundamentalismo guasca, a versão gaudéria do fundamentalismo islâmico, o crê ou morre. Aqui, quem não é amigo é inimigo. Cultivamos urtigas em vez de flores. Os reflexos são observados no dia a dia. Como já disse um desembargador, somos um Estado de adversários.
Basta olhar em volta para constatar que Fernando Albrecht tem razão. Em qualquer segmento de atividade a “turma do contra” é infinitamente maior que o grupo de pessoas empenhadas na busca de soluções para os principais problemas. A ausência de comprometimento, travestida pela crítica fácil e sistemática, transformou o Rio Grande do Sul num Estado estigmatizado além fronteiras.
Sucesso é pecado imperdoável na Província de São Pedro
Na agricultura, educação, política e em diversos ramos de atividade fomos superados por estados sem tradição há poucos anos. Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul “importaram” milhares de agricultores gaúchos e forjaram um setor primário marcado pelos avanços tecnológicos. Enquanto isso, aqui, invasões de propriedade fazem correr pretensos empreendedores. Quem vai investir milhões de dólares e ver máquinas, equipamentos e laboratórios destruídos pelo vandalismo ideológico e quase sempre impunes?
Adversários não. Inimigos sempre! O slogan norteia muitas lideranças emergentes. Perdemos a capacidade de dialogar, buscar consensos, conciliar. Por isso registramos perdas, temos tribunais entupidos de processos que atravancam o desenvolvimento e afugentam interessados em expandir negócios e gerar empregos.
As próximas gerações conhecerão as consequências desta carranca permanente de ressentimento como marca registrada. “Perdoa teu inimigo, mas esqueça seu nome”. Esta é a filosofia de vida de um Estado que primava pela gentileza, cortesia e receptividade.
Crescer, desenvolver, expandir negócios e ter sucesso é um pecado imperdoável na Província de São Pedro.