Quarta-feira passada motoristas de Porto Alegre, São Leopoldo e Caxias foram beneficiados, em cinco postos de gasolina, pelo valor menor da gasolina, calculado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). O litro foi vendido a R$ 1,50. Maravilha! O evento integrava o Dia da Liberdade de Impostos no Rio Grande do Sul, que luta por impostos justos, blá, blá, blá.
Concordo com a luta por pressão no governo contra impostos altos e serviços baixos. O que este cidadão que lhes escreve não entende é a multidão que faz filas intermináveis para abastecer seus carros. Madruga, falta ao emprego, à aula para um desconto que é legal, reconheço: 53,03%. Mas que vai ser consumido em um mês, no máximo. Valeu o tempo perdido?
E mais: essa coisa de querer levar vantagem, aproveitar desconto, deveria motivar esse mesmo batalhão de gente que adora fila, para protestar contra o preço exorbitante da gasolina, com ou sem imposto, que lhes é aplicado diariamente, talvez nos mesmos postos de serviços onde permaneceram horas a fio. O dia seguinte é que merece atenção e fiscais populares.
Eu, por exemplo, busco sempre o menor preço de combustível. Rodo muito de automóvel e quero descontos e tudo o que tenho direito. Se posso abastecer por R$ 2,64 e sei que o dono do posto está vivendo muito bem – porque então, outros cobram R$ 3,05, por exemplo? Capitalismo selvagem? Capitalismo?
O povo quer vantagens do comércio, do político, do judiciário, do comércio. Quer brechas onde possa sobreviver com o que diz ser “digno”. Eu me sinto humilhado toda vez que me obrigam – ou mesmo convidam – a entrar em filas por migalhas. Quem realmente fatura com esse teatro? Quem?
Ora, aqueles que prometem, prometem e só cumprem com aquilo que a mídia vê. O resto é discurso vazio, é matéria mostrando o quanto pagamos em impostos em cada produto enquanto nada muda. Então, na fila da ilusão, onde o combustível evapora por nada, não contem comigo.