O assassinato de um funcionário da Escola Sion em São Paulo, no início da semana, mesmo após ele ajoelhar-se, a pedir misericórdia, dentistas queimados vivos, por que não tinham muito a oferecer aos ladrões, ou simplesmente, reagirem defensivamente. Não se defenda! Crimes passionais, onde maridos doentes assassinam esposas diante dos próprios filhos. Não ame! Tudo isso passará assim impunemente, ou nos habituaremos ao medo?
Entre bandidos, uma nova geração de meninas e meninos maus. Entre os que não entraram no mundo marginal, uma nova geração de meninos e meninas indiferentes, ou no mínimo, conformados. O jornal Folha de São Paulo, publicou na segunda-feira passada, a redação de uma adolescente de 12 anos, reveladora da banalização do crime que, talvez, prepare uma geração sem frio na barriga. “Quando estava na escola, o vigia mandou a gente se apressar (..), Eu não tinha entendido muito bem, então voltei para casa a pé,” escreve a menina que estudava na escola Sion.
No meio do caminho, Bianca diz que ouviu falarem sobre um homem que morreu com tiro na cabeça. “Outro senhor foi seguido por um motoqueiro e morreu. (…) Mesmo com essa idade, já passei por três tiroteios. Um quando era pequena, no Rio de Janeiro. Outro no centro de São Paulo e o terceiro quando estava voltando do show do Roger Waters, no estádio do Morumbi,” anota em seu diário.
Ela diz não ter “muito medo de assaltos ou essas coisas, porque minha mãe só foi assaltada duas vezes e agora está bem.” Afinal foram “só” duas vezes! “E eu também acho que não vai ter dois assaltos no mesmo dia no meu bairro. Portanto, hoje andei com meu iPhone na mão, desobedecendo minha mãe. Algumas amigas minhas morrem de medo de assaltos e até já foram assaltadas, outras só têm medo de mendigos. Eu não tenho, pois a maioria é boazinha”.
Quando as crianças não tem mais medo do bicho papão, é porque a violência abraçou a fantasia e resfriou a consciência. Não podemos permitir um futuro assim, do cada um por si. Onde assistir um assassinato covarde, passa a ser um evento cotidiano.
Enquanto não nos atingir, tudo bem. Tudo bem? Enquanto as pessoas escaparem, por um triz, agirão assim, friamente. É uma questão de sorte, um dia o crime chega bem próximo e aí, na condição de vítima, ninguém é frio. Ou chegaremos a esse ponto de desapego à vida, de psicopatia social? Medo! Eu tenho muito medo!