Estamos a quase um ano das eleições estaduais. A maioria dos eleitores não suporta ouvir falar em política, resultado dos escândalos e denúncias, desvios, irregularidades e desmandos que afloram diariamente na mídia. Carente de representação na Assembleia Legislativa e em Brasília, o Vale do Taquari se ressente de investimentos, recursos e obras que seriam determinantes para a melhoria da qualidade de vida de nossa gente.
Não adianta praguejar contra os políticos. Isso apenas amplia o espectro de ação dos que fazem da ética mera retórica. Quanto pior se falar dos políticos, maior será a rejeição das pessoas “de bem”, ou seja, de cidadãos corretos que fortaleceriam a decência dos legislativos em todos os níveis.
Qual é o empresário, profissional liberal, trabalhador, mulher ou jovem que aceitaria submeter o nome ao referendo popular diante de uma campanha sistemática, inclusive da mídia, contra a classe política?
Este verdadeiro esporte profissional que é falar mal de personagens públicos é campo fértil para energizar os vigaristas que fazem da política plataforma para negócios escusos, falcatruas e uso do mandato como fachada para negociatas inconfessáveis. Sem a ameaça de candidatos probos, os desprovidos de caráter atuam com desenvoltura.
É preciso comprometimento coletivo para combater nossa incapacidade de negociar
A falta de união que historicamente se registra no Vale do Taquari – muitas vezes agravada pela vaidade de algumas figuras políticas – impede o surgimento de líderes capazes de defender os interesses da nossa região. Aventureiros advindos de outras paragens granjeiam votos, mas depois do pleito nos viram as costas para voltar quatro anos depois, o que compromete o futuro de todos nós.
Todos conhecem vereadores, prefeitos e parlamentares que trabalham de maneira dedicada em torno de propostas populares. Lamentavelmente a imprensa reserva raros espaços para a divulgação deste trabalho meritório. Também na política as notícias negativas têm força e repercussão garantidas.
Enquanto o Vale do Taquari desperdiçar energias em brigas locais dificilmente terá força para eleger representantes à altura do desafio. Estabelecer consensos em torno de nomes para concorrer às eleições estaduais é uma tarefa árdua que exige diálogo, análise, paciência e transigência. Mas se esta tarefa permanecer no plano teórico o custo será muito alto para o futuro da região. Não podemos continuar assistindo passivamente verbas desperdiçadas, obras direcionadas para outros municípios e recursos canalizados para projetos distantes do Vale.
É preciso comprometimento coletivo para combater nossa histórica incapacidade de negociar para colher frutos fundamentais para o desenvolvimento do Vale do Taquari.