O mundo assistiu jovens, adultos e até mesmo idosos em imensos protestos em nosso Brasil. As ruas de nossas grandes cidades, ouviram, leram cartazes onde se reclamava de quase tudo: o preço e serviços do transporte público e tudo o que angustia o povo brasileiro neste momento, como a saúde pública, a segurança, a inflação alta e impostos caros, desviados para a corrupção. É um momento de grande estresse institucional. Mas não é o fim, nem retrocesso. O dito país do futuro anda as voltas com esse tal futuro que, para a grande maioria, é uma grande dor de cabeça com remédios de custo abusivo.
As redes sociais foram o berço da movimentação. Tem sido assim nos últimos tempos, mas quem acaba a embalar o agitado bebê da insatisfação é a atitude despudorada da política em geral. Os conchavos, a capacidade camaleônica das lideranças que trocam a cor de suas peles com uma naturalidade assustadora, irritam aqueles que neles depositaram seus votos. Um dia oposição, noutro situação, independentes de cultura, ideologia ou mera sintonia programática. Não sou contra políticos. Não existe alternativa, a meu ver, para a condução democrática da nação sem o envolvimento político. Pior seria um país gerenciado por uma tecnocracia fria e burocrática.
Mas é preciso observar e acompanhar estas manifestações. Entre aqueles que protestavam pacificamente, se infiltravam os filhos diretos do desmando. Gente sem foco, mal administrada desde o nascimento. Depredar, roubar e intimidar com violência é o que aprenderam. A família que se forma bem assistida pelos organismos públicos, e que recebe o mínimo – saúde, educação e trabalho – terá todas as chances para escapar do desvio. Até mesmo aqueles de má índole – as ovelhas negras – serão reveladas à distância. E mantidas sob controle.
Então a quem interessa a manutenção dessas comunidades miseráveis, de uma classe média intimidada e uma classe alta que domina tudo a base de corrupção e institucionaliza o desmando? O Brasil do futebol, do carnaval, da alegria espontânea, dono de riquezas naturais e de uma cultura própria, forjada no matiz de tantas raças e costumes, precisa de um banho de civilidade. Se o povo vai às ruas, que vá também às urnas com mais compromisso.
Todo o dinheiro jogado fora, ou concentrado nas mãos que desviam sua rota para o caminho do crime, precisa ser drenado para a formação de cidadãos íntegros, capazes de gerenciar suas próprias vidas. Somente assim não precisarão voltar aos protestos, porque poderão fiscalizar, com seus próprios atos, os rumos da nação onde vivem.