Conheci a jornalista Eliane Brum na redação do jornal Zero Hora. Como eu, viera do interior, de Ijuí. Desde a chegada ela chamou a atenção não apenas pelos cabelos espevitados, mas pelo texto limpo, humano, preciso e permeado de humanismo. Ao degustar cada linha é possível “visualizar” os personagens pela descrição sustentada por frases precisas, repletas de características das pessoas, lugares, animais, ambientes, sensações retratadas.
Como previsto Eliane alçou voo de Porto Alegre diretamente para São Paulo, o maior centro econômico e intelectual do país. Foram 10 anos em ZH onde colecionou uma fieira sem fim de crônicas que deixaram milhões de leitores marejados ao ler a trajetória das principais figuras da rua da Praia, coração da capital gaúcha.
Em Sampa, o talento de Eliane Brum brilhou mais de uma década na revista Época, levada pela mão do jornalista Augusto Nunes que comandou a redação da Zero Hora e tornou o jornal um veículo de abrangência nacional. Lá, como no RS, Eliane Brum não passou despercebida. Virou leitura obrigatória até ela dar asas à imaginação, pedir demissão e trabalhar como freelancer. Pressionada pelos leitores, no entanto, manteve a crônica semanal publicada sempre as segundas-feiras no site de Época que pode ser acessado gratuitamente.
O livro é um investimento em qualidade de vida
Nadando contra a maré, Eliane cultiva textos longos com impressões e experiências arquivadas no coração, onde mescla reminiscências da infância vivida no interior e os sustos ao chegar a Porto Alegre. Recentemente ela produziu uma crônica candente sobre o Mercado Público que ardeu na noite do dia 6. Vale a pena!
Há duas semanas ela lançou mais um livro. É uma coletânea dos melhores textos publicados na imprensa nacional. Chama-se A Menina Quebrada e Outras Colunas de Eliane Brum, produzido pela Editora Arquipélago, ao custo de 39 reais na Livraria Cultura. A crônica Meu filho, você não merece nada! teve mais de 300 mil acessos no site de Época e trata da passionalidade da juventude e a falta de iniciativa para a vida.
Não pude comparecer à noite de autógrafos no Shopping Iguatemi para dar um abraço nesta amiga que ganhou o mundo. Mas no dia seguinte fui correndo comprar um exemplar que já foi surrupiado pelos meus filhos. Por isso, aconselho adquirir esta coletânea. Muitas pessoas aqui, do Vale do Taquari, notórias pela cultura e brilho intelectual, acompanham a trajetória da conterrânea gaúcha. Uma delas é Ivete Kist que tive a honra de ter como professora e mestre no saudoso Colégio São Miguel.
Crônicas primorosas temperadas com muito sentimento, aventura e humanismo são cada vez mais raras. Por isso, a compra deste livro é um investimento em qualidade de vida. Garanto!