Na tarde fria e chuvosa desta terça-feira acompanhei, em Lajeado, o funeral de uma amiga, a Maristela Labres. Sofri como todos, muitos amigos que lá estavam a despedir-se de alguém que parte assim tão jovem, deixando um filho, o Cauê e marido, o Felipe, que a veneravam e estiveram a seu lado até o último minuto. E foram as palavras do Felipe, postadas na página da Maristela, no Facebook, que me levaram algum conforto. Estava ali, a prova de um amor que não tem fronteiras, que é íntegro e verdadeiro, por carregar em si, não apenas a poesia e o prazer da paixão, mas a chama que precisa ser mantida no cotidiano, onde tudo é mais sofrido. Onde lidamos com nossos traumas e fraquezas, contra as virtudes que todos temos. O amor é sempre a balança a equilibrar tudo. Reproduzo aqui, os trechos da mensagem do Felipe. Uma última declaração apaixonada, um exemplo de verdadeira nobreza para todos nós.
“Estávamos juntos há 17 anos e passamos por cada coisa que nem vale contar. Às vezes, pensava que não teríamos força para superar obstáculos, que não foram poucos. Mas com a sua força e apoio seguimos adiante, passo a passo. Eu convivi também com a Maristela triste, preocupada, magoada com alguns, mas isso ficava dentro de casa. Aprendi também a não desistir… como você ensinou desde pequeno ao Cauê: o que importa é ser rico de coração. Quando decidimos morar juntos num JK ali na Bento, era um colchão, duas cadeiras de praia, uma bicicleta e um fogão. Aos poucos os irmãos dando um presente aqui e ali fomos aos poucos montando um lar. Churrascos na sacada, ouvindo Lô Borges… ”
“Estava separando suas roupas e a cada peça, lembrava um momento contigo. É muito difícil fazer isso, mas é preciso. As camisetas que a Aline fez para ti, essas vou ficar porque, como tu, elas são únicas, especiais. Se soubesse que no domingo fosses piorar eu deveria ao menos ter te dado um longo beijo e dito que te amava. A gente conversou, mas como eu tenho muita dificuldade de expressar sentimentos, não fiz no dia o que não pude fazer depois. Desculpe por não ter cuidado melhor de ti. Por não ter dançado mais contigo, por ter dito tão poucas vezes que te amo…”
“Se, em vida você me fez uma pessoa melhor, um homem! Agora que você partiu, mesmo com essa dor, eu tenho que evoluir ainda mais. Nada será igual. O mundo, todo mudou. Mas o meu amor por ti cresceu, e cada vez que vejo uma foto tua, lembro de ti em um lugar, sinto que nada vai curar isso”, conclui Felipe que acrescenta, em versos: “Se um dia quiser chorar por não ter para onde ir, olhe para o céu e sorria. Porque lá está uma estrela bela que brilha até nas noites mais escuras Pois ela veio do mar. Ela é Maristela. Adeus meu anjo! Eternamente seu, Felipe.”
Um casal que se ama, se entende no olhar, no jeito de caminhar, amigo Felipe. E com certeza ela sempre soube que teus beijos e as declarações de amor estavam na medida. Assim como ela sabia do amor incondicional de todos nós. Hoje, nos abençoa lá de cima. Onde, tens razão, ela é uma estrela!