As reportagens sobre autismo, veiculados no programa Fantástico são impactantes. É uma doença pouco conhecida, apesar da incidência nem tão pequena entre a população. A diversidade de sintomas é um desafio desgastante para os pais que enfrentam enormes dificuldades para lidar com a situação.
A demora na identificação do autismo atrasa a busca de tratamento que poderia minimizar os problemas de convivência. No programa de domingo foram mostradas as consequências que atingem diretamente a vida das pessoas de quem convive com a doença.
Muitos pais abandonam o emprego, se instalam em casa para exercer a profissão e até as relações afetivas ficam comprometidas porque as crianças necessitam de cuidados permanentes, principalmente em casos agudos.
Os riscos de autolesão e de agressões fazem da convivência um exercício de paciência, aprendizado, tolerância, renúncia. Tão especiais quando os portadores do autismo são seus pais, obrigados a buscar informações que nem sempre estão disponíveis. Enquanto não encontram orientações tentam atender as necessidades dos filhos da melhor maneira possível.
Apesar do esforço, o sistema público de saúde falha na assistência, levando desespero às famílias que lutam com dificuldades para manter o tratamento com atendimento privado. Muitas vezes sequer os medicamentos necessários podem ser adquiridos devido ao alto preço.
Apesar da modernidade, da comunicação massiva e
onipresente o enfrentamento dos preconceitos permanece
Não bastasse as restrições comuns à doença um grande preconceito cerca os portadores de autismo. Já adulto descobri ser portador de epilepsia, o que me causou profunda depressão pelo fato de ser eterno dependente das drogas existentes. Por anos escondi a doença de amigos, colegas e familiares, numa postura de autopreconceito. Somente no exame médico que realizei na admissão do meu atual emprego, há cinco anos, tomei coragem para revelar que uso medicamento controlado em decorrência da enfermidade.
Infelizmente o autismo é mais uma barreira que isola os portadores do resto do mundo. Portadores de deficiência de vários tipos têm dificuldade até para frequentar as chamadas “escolas normais”, embora muitos especialistas considerem esta convivência benéfica no combate aos sintomas.
Apesar da modernidade, da comunicação massiva e onipresente o enfrentamento dos preconceitos permanece. A tecnologia se mostra incapaz de convencer as pessoas que todos somos seres humanos. Dotados de mais ou menos inteligência e, vez por outra, portadores de doenças que desafiam a ciência. Tratar a todos igualmente é um remédio eficaz, humano e necessário.
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