O tempo das meias, cuecas e gravatas de gosto duvidoso como presente para homens, já passou. A evolução feminina, que as colocou no mercado de trabalho e na vida pública em geral, também permitiu aos homens outra e definitiva evolução no caminho do lar.
O macho provedor, totalitário e muitas vezes irascível, tornou-se um sujeito preocupado com a harmonização – para aproveitar uma palavra da moda – entre o trabalho e o lazer, passando por detalhes nunca antes imaginados para quem se considera um verdadeiro exemplar de seu gênero.
Hoje somos muitos a administrar as compras do supermercado, em listas que nós mesmos construímos, se possível em parceria com a esposa, ou também com a diarista. Esta, que antes negociava diretamente com a patroa, hoje ouve respeitosamente os patrões, igual-mente zelosos e detalhistas. Se gerenciam atividades no escritório, porque não o fazer em casa?
Toda essa conversa é para se chegar a conclusão de que, no Dias dos Pais, o foco é outro também. Pai não fica achando que ninguém o ama se for esquecido ou receber um telefonema de última hora do filho para dar o “parabéns pelo teu dia”. Mas se existe a disposição para se comprar um bom presente, as opções agora são muito maiores.
Homens, ou são grandes chefs em restaurantes, ou novatos na culinária doméstica. Então, ao contrário das mulheres, na maioria das vezes refratárias às novidades, os novos donos de casa curtem essas coisas que vivem inventando para facilitar a vida na cozinha. Aparelhos para cortar, ralar e ajudar na tarefa cotidiana são presentes muito bem-vindos.
Enfim, tudo aquilo que ofendia uma dona de casa. Porque a prendia na cozinha, é libertador para o homem que pode usar os músculos que antes serviam para matar javalis na base da paulada, para sovar a massa que preparará o pão com ervas especial, acompanhamento perfeito de um tal porco selvagem assado, devidamente encomendado em algum bom matadouro. Legalizado, é claro, pois pai é exemplo.
E por favor, não vamos confundir homens de verdade com esses monstros que vitimizam familiares, em notícias trágicas de jornais. Nós, os caras que amamos do fundo de nossos corações os filhos gerados, somos responsáveis por lhes deixar a lição de que a força e a determinação de todo homem deve ser voltada a proteção de seu lar. E o faz isso com amor.
Se antes, éramos ensinados a sermos rudes e distantes, hoje recebemos nossos rebentos de peito aberto nas cozinhas de nossos lares. Um espaço magnífico onde as mulheres dominaram por tanto tempo e nos cederam, pelo que vejo, de bom gosto. E neste quesito, bom gosto, nós mostramos que também podemos ser mestres, dividindo com elas, o que for possível para sermos melhores na rua e no lar que construímos.