Estou há décadas fora de Arroio do Meio. Os contatos com a terra natal se restringem às visitas à casa da minha mãe, além da redação destas mal traçadas linhas publicadas aqui.
Quando volto para cá costumo passear pela cidade depois do almoço de sábado. São caminhadas agradáveis e necessárias. Agradáveis pelo encontro de velhos amigos e o contato com leitores para troca de ideias. E necessárias pela quantidade de comida que costumo ingerir. Isso é culpa da dona Gerti Jasper que faz da cozinha uma arte responsável pelos meus excessos.
No último sábado fui acompanhado da minha mulher, Cármen. Com temperatura agradável repetimos o hábito de bater pernas pela rua Dr. João Carlos Machado. Descemos em direção ao trevo pelo lado direito, retornando pelo lado oposto para descobrir segredos que somente o contato epidérmico permite.
Já escrevi que me impressiona a diversidade do comércio. A quantidade de estabelecimentos impressiona, mas gosto mesmo é da gentileza que se nota em certas lojas. Sábado tínhamos uma festa do tipo anos 70/80, organizada pela incansável Magda Palaoro Buttini em Venâncio Aires, com montagem da logística (locação de um micro-ônibus) montada pelo casal Enio e Carla Meneghini. Por isso, minha mulher foi às compras.
Encantar o cliente é uma arte capaz de levar
um esquimó a comprar uma geladeira!
Por mais de uma hora estivemos na loja Dullius onde só havia belas mulheres para atender os clientes. Chamou a atenção também a gentileza, atenção e presteza das gurias, o que só fez aumentar o endividamento da minha mulher. Mas à noite foi possível ver que ela estava estonteante vestindo blusa e calça prestas adquiridas depois de longos minutos gastos no provador. De quebra, minha filha, Laura, foi presenteada com algumas peças de muito bom gosto.
Tenho comigo que trabalhar no comércio é uma arte. Impressiona a habilidade de pessoas nascidas para encantar ao ponto de provar a um esquimó – por exemplo – a necessidade de adquirir uma geladeira. Apesar deste “cliente” morar em meio a montanhas de gelo!
Como sempre acontece muita gente exagera. Compra toneladas de roupas, calçadas e bolsas (não… não estou me referindo a vocês, queridas leitoras!), comprometendo as finanças que rende apertos mensais no final do mês. Mas isso não é problema dos vendedores, mas resultado da incapacidade de gerenciar os impulsos consumistas.
Ser bem tratado por uma vendedora parece algo natural, mas isso não acontece em todos os lugares. Apesar da concorrência cada vez mais acirrada, inúmeros empresários desconhecem a eficiência de treinamentos e pesquisas de opinião, ferramentas preciosas para auscultar o pensamento de seus clientes. Este descaso pode custar caro e, não raras vezes, determina o fechamento do estabelecimento.
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