Em minhas andanças como jornalista colecionei inúmeras histórias e causos que, por absoluta pressão familiar, transformei no blog http://gilbertojasper.blogspot.com.br/ que atualizo graças às anotações e memória fotográfica. Basta chegar a uma cidade do interior para lembrar de coisas interessantes que vivi.
A experiência na área política e algumas passagens pelo futebol do interior do Estado renderam boas gargalhadas, algumas confusões e, é claro, encrencas que hoje viraram recordações. Recém-formado na Unisinos, entre 1983 e 85 trabalhei no Grupo Gazeta, em Santa Cruz do Sul, numa vivência inesquecível. Fui contratado como repórter do jornal Gazeta do Sul, mas peguei gosto pelo rádio e participei da cobertura de sessões da Câmara de Vereadores e jogos dos dois times da cidade.
No Futebol Clube Santa Cruz – ou apenas Santa Cruz (o Galo Carijó) jogava um zagueiro do tipo “limpa trilho” que não deixava passar nada. Era um xerifão, conhecido em toda a região do Vale do Rio Pardo pela alcunha de Chimbica. A torcida adorava o becão e costuma dizer que “só não batia na mãe porque ela não conhecia o filho e não tinha coragem de entrar em campo!
Se o apelido é ruim, o nome era pior
Certa feita, num jogo contra o Inter no lendário Estádio dos Plátanos, um repórter de rádio foi advertido pelo locutor – de uma emissora de Porto Alegre – ao divulgar a escalação do Santa Cruz. Indignado, ordenou ao repórter que descobrisse o nome de batismo do zagueirão do Galo Carijó . “Me nego a chamar este jogador pelo apelido!”, bradou o furioso narrador no potente microfone.
Assim que o time da casa entrou em campo, o repórter se muniu de muita coragem e interpelou Chimbica:
– E aí, Chimbica? Tu não te incomoda com esse apelido?” – disparou.
E ele:
– Nem um pouco… eu já tô acostumado!
Insatisfeito, o repórter de campo insiste:
– Mas tchê… fala aí pros nossos ouvintes qual teu nome!.
Desta vez, um tanto constrangido, o defensor alvinegro resmunga de forma quase inaudível:
– Meu nome é Arialdo da Silva Dihel.
A transmissão retorna à cabine e todo o estádio ouve:
– Muito bem… esse foi o zagueiro Chimbica, um dos destaques do Santa Cruz!.
E ficou assim. Arialdo continuou Chimbica até a aposentadoria do boleiro.