O direito do consumidor é uma das maiores conquistas dos brasileiros. Comum há décadas em países desenvolvidos, o respeito àqueles que adquirem bens e serviços desembarcou apenas recentemente em território verde-amarelo, como tantos avanços.
Pesquisa recente do Instituto Data Popular sobre as relações de consumo, veiculada esta semana pela mídia, revelou que o boca a boca é, ainda, o maior veículo para relatar problemas com empresas e fornecedores. Foram entrevistadas 2 mil pessoas em 100 cidades empregando modalidade de pesquisa semelhante ao levantamento eleitoral. Deste contingente, 64% disseram conhecer o direito do consumidor, especialmente aqueles que têm entre 40 e 59 anos e integram a chamada Classe A.
Do total de entrevistados, 63% contaram que sempre pensam no seu direito como consumidor na hora das compras, e 52% preferem o boca a boca na hora de reclamar. Do total pesquisado, 29% registram sua inconformidade pela internet, 34% no SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) e apenas 0,8% diretamente nos órgãos de defesa do consumidor. Este último dado é preocupante, afinal, nem sempre o SAC dispensa atendimento de qualidade ao consumidor. Infelizmente muitas empresas usam este canal direto para “enrolar”, ao invés de oferecer uma solução eficiente para os problemas.
Para garantir nossos direitos basta driblar o comodismo
Entre os jovens, a internet – é claro! – é o principal canal de queixas, com 52% dos pesquisados entre 16 e 25 anos, seguido pelo boca a boca (45%), SAC (39%) e Procon (1,7%). O que chama a atenção, ainda, é a falta de credibilidade dos órgãos de defesa do consumidor em todos os levantamentos. A falta uma estrutura proporcional para atender a demanda talvez explique em parte este fenômeno. Em Porto Alegre, é comum vislumbrar longas filas junto ao Procon, o que desestimula muitas pessoas que tiveram direitos feridos.
No dia a dia noto que são poucos os amigos e familiares que buscam uma reparação ou mesmo a simples troca de mercadorias defeituosas ou de serviços mal executados. A maioria prefere pagar duas vezes e “não se incomodar”, numa atitude cômoda. Sou usuário frequente do SAC. Noto, porém, que são raras as empresas preparadas para atender com presteza e respeito os consumidores. Em caso de insatisfação, sugere-se deixar de adquirir o bem ou serviço e se utilizar das redes sociais para divulgar o mau tratamento recebido e os produtos defeituosos adquiridos.
Em época de concorrência ferrenha e dinheiro curto é preciso empregar o dinheiro com critério. Respeito é bom e mantém o cliente, fazendo com que volte e participe dos programas de fidelização. Para isso, basta usar as armas disponíveis para garantir nossos direitos. E para isso não é preciso recorrer à Justiça. Basta driblar o comodismo.
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