Nada é mais difícil do que criar filhos. É um desafio imenso, diário, devastador, diante das convicções e valores que lastrearam a minha educação. Ética, decência, respeito às normas de convivência são, hoje, preceitos fora de moda. A “modernidade” ensina a devorar concorrentes, custe o que custar. Repito à exaustão aos filhos – um casal de 18 e 19 anos – para agir com base do que veem dentro de casa. A “Síndrome do Ninho Vazio”, que impinge aos pais o castigo da solidão a dois nos finais de semana, é resultado da realidade onde a gurizada fica mais tempo na balada, na faculdade e no trabalho.
Recentemente meu piá questionou-me sobre um tema aparentemente prosaico. “A confusão no bar da faculdade foi grande hoje. A fila tava uma bagunça e todo mundo furou… menos eu que me senti um babaca por agir conforme os teus ensinamentos”; desabafou inconsolável pré-adulto.
Fiquei pensativo. O que, afinal, é certo e errado? Como se deve educar um filho? Ele deve seguir o “livrinho” e ser atropelado pelos espertalhões: Ou deve manter a consciência tranquila, mas ser uma eterna vítima da Lei de Gerson que manda “levar vantagem em tudo”?
Trata-se apenas de um dos dilemas que tiram o sono de pais que pretendem ensinar os herdeiros a viver dignamente. Concluí que a convivência entre nós é a bússola. Por isso, a nossa forma de agir é decisiva para que eles vislumbrem uma forma coerente de viver.
O melhor exemplo – sempre! – para os filhos é a nossa própria conduta
Não adianta citar maus exemplos se nós – pais e mães – agimos contrariamente ao que pregamos. Independentemente da idade somos eternos ídolos dos filhos. Embora na adolescência eles nos detestem, dentro da cronologia que costumo definir como “as três fases”. Na primeira (infância) somos os super-heróis, capazes de tudo. Depois, na adolescência, viramos os super-babacas e, quando chegam à maturidade vislumbram em nós pessoas dedicadas que deram excelentes contribuições para a formação de seu caráter.
Mostrar que “na prática é teoria é outra” é um aprendizado lento, gradual. De ambas as partes. Por vezes parece que falamos às paredes, numa cantilena monótona que não surte o menor resultado. Ao longo do tempo, porém, numa repetição constante, notamos que os princípios basilares da educação pretendida surtiram os efeitos desejados.
Mais que um sacerdócio, a paternidade/maternidade é um esforço diário, onde cada amanhecer vislumbra o “placar de zero a zero” que precisa ser alterado a nosso favor. Para o bem de nossos filhos!
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