Ao ler o artigo da colega, amiga e sempre mestre e professora Ivete Kist fiz um exercício de imaginação. Na semana passada ela lembrou que, em comparação a outros países, faltam no Brasil inúmeras melhorias. Principalmente na infraestrutura. Faltam aeroportos, portos, rodovias, acessos asfaltados, silos e soluções urgentes em caso de catástrofes, só para citar algumas.
O trecho entre Porto Alegre e Arroio do Meio integra minha rotina. Ao menos uma vez por mês transito pela BR-386, considerada por muita gente a Estrada da Morte. Já na saída da Capital em direção ao Vale do Taquari os problemas se iniciam.
É impossível alcançar o acesso da 386 sem enfrentar ao menos um congestionamento, seja na saída de Porto Alegre ou ao longo da BR-116, estrada que há décadas não comporta tamanho tráfego. Não existe horário tranquilo até Novo Hamburgo. As “retenções de tráfego”, conhecidas popularmente como engarrafamentos ou tranqueiras, não têm horário nem dia.
O primeiro absurdo da BR-386 é a ponte sobre o rio dos Sinos que tem pista única. Aos finais de domingo e no retorno dos feriadões se formam irritantes filas. É inadmissível que um trecho duplicado mantenha uma ponte simples que constitui em prova de paciência de milhares de condutores.
A proliferação de buracos do trecho até Lajeado impressiona. Nos dois sentidos, os pequenos desgastes constatados há dois meses se transformaram em panelões. Logo após o trevo de Lajeado, no sentido Interior-Capital, até o ponto onde a rodovia deixa de ser duplicada, a pista da direita encontra-se intransitável. O tráfego de caminhões pesados e de ônibus agrava a situação, levando estes veículos a transitar à esquerda, misturando-se aos carros.
Falta guincho, ambulância e carros de apoio. O que
fazer em caso de emergências ou de acidentes?
O pedágio de Fazenda Vilanova é a imagem do abandono. A começar pelas placas que outrora indicavam o valor das tarifas que poderiam ser cobertas por lonas pretas ao invés da fixação de fitas, dando aspecto de desleixo. As cabines de cobrança estão sem manutenção, o mesmo ocorrendo com os banheiros e demais equipamentos.
Ao longo de todo trecho não existe vestígio de guinchos, ambulâncias ou carros de apoio. Soube esta semana que a EGR – empresa do governo do Estado que assumiu os pedágios – firmou convênio para dotar as rodovias destas melhorias. Ouvi, também, que o acionamento seria feito por telefone, o que comprometerá a rapidez em caso de acidentes graves ou emergências.
Sempre fui a favor dos pedágios. O valor das tarifas é passível de contestações, mas a agilidade no atendimento das ocorrências, a manutenção mínimas das rodovias e a fiscalização permanente dos usuários eram aspectos positivos do sistema.
O fluxo de caminhões pela BR-386 é impressionante. Parcela significativa da safra gaúcha de diversas culturas escoa por ali. Mas é possível verificar as perdas, principalmente de soja, ao longo do trajeto. Isso significa prejuízos para produtores, indústrias e para a economia gaúcha. Sem estradas e estrutura de sustentação é impossível ter competitividade suficiente para assegurar o crescimento do Estado. Lamentável.