Embora as lojas, os grandes centros de compras e a mídia se voltem às festas de final de ano, em vitrines tentadoras, desta vez não pretendo me deixar envolver pelo consumismo. Nem é um pensamento negativo. O comércio precisa vender e ponto! Mas não quero presente, quero reflexão. Ou melhor, reflexão pode ser um grande presente. O Natal é importante não apenas para os cristãos. Em todos os cantos do mundo as pessoas reúnem suas famílias para celebrar a união, o amor que supera diferenças. A humanidade envolvida com seus mais profundos valores, de amor e respeito ao próximo. Quero valorizar esse sentimento a partir dos mais próximos – familiares e amigos – que me cercam com suas alegrias e tristezas, erros e acertos.
E como o Papai Noel nos trará esses mimos que não tem preço, que não se encontram em vitrines coloridas? Em primeiro lugar, acho fundamental nos impormos limites. Sem exageros. De olhos bem abertos às tentações que as compras nos oferecem. Milhares de cartões de crédito que somam milhas e nos levam a voos inimagináveis nos céus do endividamento. E as compensações? “Estou infeliz no trabalho e vou encher a cara na festa de final de ano da firma”, ou joias, perfumes e tantas outras ilusões que apenas mascaram relações que precisariam de uma boa conversa. Porque não existe crise que não mereça uma discussão serena. Mas nos atrapalhamos e disfarçamos a tristeza lá do fundo, com soluções supérfluas. Essa mania de querer as águas sempre claras e mansas é uma fantasia utópica que não conseguimos desvincular com o passar dos anos.
O emprego ideal será aquele que cuida essencialmente do material? Os “concurseiros”, por exemplo, saltam de um lado para o outro, miram exclusivamente vantagens. E não se permitem construir uma carreira, estão focados exclusivamente nos degraus que os levam a uma aposentadoria segura. Não vejo nada de errado em querer segurança financeira, um bom plano de saúde na terceira idade. É o ideal, aliás. Mas buscar uma atividade remunerada que alie salário e vocação, também ajuda a se atingir uma velhice mais saudável. Não quero ser um aposentado frustrado por ter feito tudo aquilo que não gostava em nome da estabilidade financeira. Nem lembro dos executivos que trocam as enlouquecedoras demandas do poder, para viverem em paz, donos de empreendimentos menores, que lhes asseguram o prazer de um cotidiano mais tranquilo.
Por isso, refletir poderá me ajudar a definir novos rumos para os próximos meses. Nada que provoque uma crise interna, pois a ideia não é fechar portas e passar ainda mais trabalho. Confundir infantilidade com maturidade é típico entre nós, humildes mortais. Portanto, um pouco mais de seriedade, de valorização das virtudes que não se compram ou dos defeitos que superamos com equilíbrio é fundamental neste final de ano. O aniversariante do dia 25 ficará feliz com isso. De verdade.