Reportagem veiculada recentemente revela que a esmagadora maioria dos motoristas estrangeiros que transitarem pelas rodovias gaúchas ao longo do verão sairá livremente do país caso cometer todo tipo de irregularidades no trânsito. Apesar da gravidade, isso não constitui novidade no Rio Grande do Sul.
Levantamento da mesma matéria indica que nos últimos cinco anos a dívida com multas aplicadas e não pagas chega a R$ 20 milhões. Acrescenta o levantamento que o índice de multas pagas é de risíveis 4%, o que rendeu, em 2012, míseros R$ 81,2 mil.
A notícia causa revolta e indignação junto aos condutores gaúchos frequentemente castigados com a criação de novos tributos. Às vésperas das festas de final de ano somos “brindados” com as indefectíveis guias de pagamento do IPVA. Elas não falham, são sagradas, pontuais e salgadas! Tão salgadas que somente este imposto deve carrear R$ 2,2 bilhões ao erário gaúcho, dos quais R$ 600 milhões pagos de forma adiantada, pago antes de 2 de janeiro.
Quase simultaneamente outra manchete desanimadora indicou que até o dia 10 de dezembro o contribuinte brasileiro pagou, ao longo de 2013, mais de R$ 1,5 trilhão. São os números revelados pelo impostômetro, mecanismo da Associação Comercial de São Paulo criado para medir – em tempo real – o total de tributos pagos em todo o país.
Vamos rezar para evitar um massacre diante da pressa que os hermanos demonstram nas estradas
Infelizmente os avanços tecnológicos da modernidade não chegaram à máquina pública do Rio Grande do Sul, incapaz de cobrar uma simples multa de trânsito de um motorista forasteiro. Mas para nós, motoristas que pagam seguro obrigatório mesmo pagando seguro total, as novidades da informática não perdoam.
A burocracia legal que regula o ingresso de estrangeiros pelas rodovias da fronteira é – acreditem! – incapaz de desenvolver dispositivos capazes de coagir o pagamento das infrações. Além de colocar em risco milhões de vidas isso é um acinte com os motoristas gaúchos que já são alvo de moderníssimas câmeras de vídeo acopladas aos óculos dos patrulheiros para flagrar infrações. Novamente a tecnologia só funciona contra nós, condutores gaudérios.
Segundo as autoridades do setor, o contingente de turistas que devem entrar através de estradas gaúchas deve aumentar entre 15% e 20% sobre os 611 mil registrados no ano passado. Trata-se de agravante diante das péssimas condições de conservação de vários trechos. Principalmente aqueles em que a cobrança de pedágio foi sustada. Apesar do pouco tempo para melhorias, espero que os recursos do IPVA sejam realmente aplicados na manutenção das rodovias.
Enquanto a tecnologia para cobrar as multas dos estrangeiros inexiste, a nós – motoristas nativos – resta a alternativa de rezar. Outra sugestão é distribuir adesivos nas aduanas com os dizeres “Não corra, hermano!”. Talvez dê certo.