Fiquei impressionado com a reportagem que li há poucos dias. Tratava do fenômeno do permanente aquecimento do mercado da beleza, a partir da chegada do calor. Este segmento inclui produtos de maquilagem, cirurgias plásticas, tratamentos de beleza em geral, além da grande busca por academias de ginástica, bem como o lançamento de inúmeros produtos voltados a esta clientela.
A perseguição à eterna juventude é visível em qualquer ambiente. O que me chamou a atenção no texto jornalístico foi a posição de liderança do Rio Grande do Sul em vários aspectos. O Brasil é o segundo mercado mundial de produtos para o cabelo, com crescimento médio de 10% ao ano. As mulheres de Porto Alegre são as que mais tingem as madeixas em todo o Brasil. Nada menos que 75% das moradoras da Capital costumam mudar a cor dos cabelos!
O RS realmente é o paraíso das loiras. Cheguei à conclusão que todas as mulheres gaúchas são loiras e têm o cabelo rigorosamente liso. Os crespos são raridade, assim como as mulheres morenas, sem falar nas ruivas que sumiram do mercado.
Uma das entrevistadas na reportagem confessou que jamais calculou quanto gasta em beleza: “São investimentos fixos, como se fosse água e telefone, não tem como ficar sem”, respondeu com um realismo arrebatador.
Alguns cinquentões (homens e mulheres) ficam ridículos na tentativa de conquistar a eterna juventude
Este fenômeno – que inclui frenéticas sessões de ginástica, toneladas de cremes e caças às permanentes novidades que não param de surgir – me fez adotar uma expressão quando encontro casais de amigos que não vejo há tempo.
– Oi, tudo bom? Esta é Cármen, minha atual esposa.
Eles ficam atônitos, afinal trata-se da minha companheira de 26 anos, mas as transformações (para melhor) ocorridas desde o nosso casamento são incríveis. Não vou descrever aqui as mudanças sob pena de encontrar minhas malas no corredor ou a fechadura de casa substituída.
Admiro aqueles e aquelas que cuidam da aparência. É justo querer manter a boa aparência, amenizar aqui traços do tempo, mas o perigo é que isso vire uma obsessão. Bons hábitos podem beirar o ridículo. Cinquentões de ambos os sexos costumam voltar à adolescência, usando roupas, hábitos e comportamentos que não condizem com a verdadeira idade. Viram chacota.
Os homens – segundo a reportagem – começam a despertar para a vaidade. Aos 53 anos, não costumo flertar com o espelho. Como o travesseiro, trata-se de um objeto que costuma dizer duras verdades…