Os recentes casos de racismo merecem uma reflexão que vai além da condenação sumária óbvia. Na semana passada ouvi centenas de manifestações. Autoridades, especialistas, leigos, pessoas ligadas à lide esportiva e vítimas expuseram sua indignação. A posição mais realista foi manifestada por Abel Braga, treinador do Inter. Em resumo, o técnico afirmou que a discriminação pela cor da pele é injustificável sob todos os aspectos. Disse mais: “Infelizmente vivemos numa sociedade mal educada”, sentenciou com sinceridade candente.
Fiquei impactado com a frase. Horas depois, dei razão a ele. Apesar da enxurrada de informações que recebemos através das mais diversas ferramentas o grau de estupidez em qualquer ambiente social é chocante. Impaciência, mau humor, falta de respeito, necessidade de obter alguma vantagem com esperteza a qualquer custo campeiam soltas.
Não sou sociólogo, nem psicólogo. Mas como comunicador gosto de observar o comportamento humano. Acho que o consumismo e a exposição pública dos mais simples gestos do cotidiano contribuem para exacerbar os ânimos. As redes sociais cobram fama a qualquer custo. É cada vez menor o espaço para a gentileza, paciência e respeito àqueles que precisam de atendimento prioritário. Agir com civilidade é sinônimo de “ser trouxas, babacas e ingênuos”.
Os maus exemplos estão em todos os lugares. Do trânsito à fila do supermercado
A educação dos filhos é um processo interminável porque para nós, pais, é preciso prestar apoio, orientação e vigilância eternas. Apesar da transformação de hábitos alguns valores são imutáveis. A aparente incoerência entre o que ensinamos e o que se vive na realidade faz a gurizada questionar. “Mas pai… só eu fico na fila, esperando minha vez. Todo mundo ‘fura’ a fila, consegue ser atendido antes que eu!”
É difícil encontrar um meio termo entre a necessidade de seguir regras sociais mínimas e lutar contra a desigualdade de tratamento. A maturidade dos filhos mostra a eles o “mundo real”, exercício complicado que exige equilíbrio e sensibilidade. Os maus exemplos, perceptíveis em todos os lugares, se transformam e conspiram a nosso favor. São argumentos irrefutáveis que auxiliam os pais na moldagem dos futuros adultos.
No trânsito, na fila do supermercado, no estacionamento do shopping, no restaurante ao chamar o garçom e no congestionamento da free way em direção à praia é preciso ser intransigente na manutenção da boa educação. Somente o respeito vai melhorar o mundo. Os bons exemplos não podem escassear. Sob pena de voltarmos à barbárie.