Arroio do Meio – A observação de aves é uma prática que a cada ano ganha adeptos no Brasil, a exemplo dos países europeus onde é bastante difundida. Na região, o hobbie se dissemina através do Clube de Observadores de Pássaros do Vale do Taquari (COA-VT).
A prática consiste em observar pássaros e ouvir os sons que emitem a fim de descobrir novas espécies. As aves são fotografadas e catalogadas. No registro contam local e data da observação.
O COA-VT tem hoje 25 membros de diversos municípios da região. De Arroio do Meio participam: Morci Schimidt, Astor J. Gabriel e sua filha Karin Gabriel. O objetivo do grupo é promover saídas a campo para “passarinhar”, como são chamadas as caminhadas.
O propósito inicial é confirmar a ocorrência de mais da metade das espécies do Rio Grande do Sul na região. Atualmente, o estado tem registros de 650 espécies, em torno de um terço do total do país que é de 1,9 mil espécies de aves, conforme o eletrotécnico Morci Schimidt. O Brasil é o segundo colocado em número de aves.
Schimidt cita que muitos estrangeiros são atraídos ao país em virtude do Pantanal e Amazônia. “Nossa região ainda possui uma boa cobertura de mata atlântica, principalmente as encostas de morros que devem ser preservadas, para que as espécies sobrevivam”, salienta.
Sempre que tem uma folga Schimidt sai à procura de uma boa imagem. Os fins de semana são dedicados ao passatempo.
Para ele, não se trata de trabalho, mas de diversão. “Fim de semana pego o carro e saio pelo interior para tentar encontrar uma nova espécie.”
Schimidt destaca que existem sites brasileiros e americanos destinados à identificação de pássaros. Nesses portais a pessoa pode se cadastrar e postar os registros fotográficos e de sons de aves que habitam determinada região.
Descobertas
O bancário Astor Gabriel também pratica o hobbie. Ele e Morci conservam vários registros fotográficos de aves do Vale do Taquari em um site brasileiro chamado Wiki Aves.
Interessados em saber mais podem procurar pelas fotos pesquisando pela cidade de Arroio do Meio. “Lá, vai encontrar os registros das fotos feitas por mim e pelo Morci”, explica Gabriel.
A última descoberta da dupla foi um falcão que frequentemente é visto em torres de telefonia móvel do município. Morci lembra que foi uma descoberta por acaso.
Ao avistar a ave ele voltou várias vezes no local para observá-la e depois de um estudo mais aprofundado, descobriu que se tratava de um falcão peregrino que visita a América do Sul no período do inverno norte-americano.
Os dois comemoram a visita do falcão peregrino à região, pois poucos são seus destinos no Brasil.
Essa espécie de falcão se reproduz na América do Norte, e entre outubro e abril migra para a América do Sul, onde se alimenta de outras aves, como pombos que aqui se encontram em abundância.
A espécie é considerada a ave mais rápida do mundo. “Fui diversas vezes atrás do bicho depois do serviço para fazer uma boa foto, até que consegui”, conta.
Schimidt e Gabriel usam máquinas fotográficas amadoras, mas apontam que aparelhos com melhores resoluções são importantes para obter uma boa fotografia.
Eles ressaltam a dificuldade de conseguir o melhor ângulo manendo a qualidade. “A câmera é muito importante para um bom registro, pois nem sempre é fácil fotografar aves em movimento”, ressalta Schimidt.