Sábado me despedi do grande amigo Paulo Sérgio Poletto, falecido um dia antes. Ele partiu aos 72 anos em Arroio do Meio. A grande afluência de pessoas de diversos municípios e segmentos comprova que se trata de um ser humano especial que, por onde passou, deixou marcas inspiradoras.
Nossos pais eram grandes amigos. O pai, Adolfo Poletto, foi empresário e político que orgulhou por décadas as tradições do então MDB, partido de resistência à ditadura, onde meu falecido pai também militou.
Paulo Sérgio Poletto foi jogador e treinador de futebol, além de professor estadual de Educação Física. Os registros indicam que ele passou por mais de 20 clubes, além de destacada atuação como técnico no Equador e nos países árabes. Depois de décadas de distância, reencontrei o conterrâneo em Santa Cruz do Sul, na década de 80, onde convivemos intensamente.
Simpático, bem humorado, exímio contador de histórias e figura cativante com alunos e colegas de magistério, rapidamente Poletto integrou-se à comunidade. Pipocavam convites para jantares, churrascos e até para ser padrinho de batismo de filhos de fanáticos torcedores do Galo Carijó, alcunha do Futebol Clube Santa Cruz que o contratou.
Poletto repetia que um dia seria prefeito de Arroio do Meio. Pena que voltou à terra natal para a derradeira despedida…
Depois perdemos contato. Voltamos a nos encontrar frequentemente em Erechim, entre 2002 e 2006, período em que trabalhei como assessor de imprensa do governador Germano Rigotto. Numa das tantas conversas que mantivemos relatou que estava definitivamente aquerenciado no Alto Uruguai. “O pessoal me recebeu de braços abertos, é carinhoso, respeita muito meu trabalho”, segredou com um largo sorriso, uma das marcas registradas. Foram 12 anos de felicidade para Paulo Sérgio Poletto em Erechim. “Lá o Paulo está muito feliz!”, contou-me Leda Poletto, que zelou pelo irmão até o final.
A cada contato Poletto repetia que seria prefeito na terra natal, Arroio do Meio. Brincadeira ou não, o fato é que ele adquiriu uma bela casa no bairro Aimoré. Lamentavelmente ele retornou para jamais retornar à amada Erechim, ou para tomar um chope no Quiosque, em sua querida Santa Cruz do Sul, onde terminávamos as noites com o colega Ari Resch, do jornal Gazeta do Sul.
Na despedida de sábado, Paulo Sérgio Poletto estava envolto nas bandeiras do Lajeadense – clube que o revelou para o futebol – e do Ypiranga de Erechim, a quem se dedicou de corpo e alma.
Aos pés, uma bola, companheira fiel de todos estes anos. Durante a cerimônia de encomendação, inúmeros depoimentos homenagearam a alma generosa do amigo. Lembrou-se da dedicação ao trabalho com jovens. E lamentaram a maldita doença que afastou de nós, para sempre, aquele.