Depois que teve o carro furtado, o marido de uma colega jornalista não desgruda os olhos dos noticiários. Busca desesperadamente, porque não tinha feito seguro. A última lembrança foram duas pistolas automáticas apontadas para sua cabeça atônita. Tentou imitar os roteiros de alguns filmes de cinema, onde o personagem indignado se põe a investigar por conta própria o paradeiro do bem roubado. Estamos no Brasil e assim, continuará eternamente em uma busca que se encaminha para um final triste.
Descobriu ainda por cima, que os bandidos passaram a usar seu carro em outros assaltos. Em meio a sua aflita investigação, ouviu um insólito e tragicômico relato de outra vítima da violência urbana. O sujeito decidira por em prática uma fantasia erótica, no estacionamento de um grande hospital de Porto Alegre, durante a madrugada!
Estupidamente achou que seria seguro. Assim, enquanto a paixão incendiava o estofamento do veículo, percebeu a movimentação de gente estranha. Estavam armados e não eram os seguranças do hospital. Mais do que depressa saiu em louca corrida entre os carros. Ligou para o 190 e num lance de rara sorte, em menos de quatro horas, tinha o carro de volta.
A esposa, solidária, o acompanhou na hora da liberação do veículo. Nervosa, começou a conferir os estragos. E foi assim que debaixo de um dos bancos, encontrou a cueca do marido, entrelaçada a uma calcinha, pequenina demais para ser dela.
Isso mesmo! O sujeito estava com outra no carro! Ou seja, tudo o que está ruim, sempre pode piorar. Este infeliz recuperou um veículo, perdeu a mulher e pagou um grande mico existencial. Cá entre nós, até para trair é preciso um mínimo de talento. E que os anjos nos livrem da violência urbana!