Na segunda-feira realizei o sonho de todo guri que gosta de futebol. Pela primeira vez fui a um jogo de Copa do Mundo para assistir a Alemanha e Argélia. De quebra, três ingredientes tornaram o dia ainda mais especial: a disputa ocorreu em Porto Alegre, realizou-se no estádio Beira-Rio (do meu time do coração) e ainda fui torcer pela Alemanha por motivos óbvios. O melhor do melhor: tudo isso acompanhado da minha mulher e da minha filha. Infelizmente o Henrique, meu filho, trabalhou até às 18h.
Não tínhamos intenção de ir ao jogo, mas na manhã de domingo as mulheres lá de casa – Cármen e Laura – embestaram de ir ao Beira-Rio diante do meu ceticismo. Com quatro computadores portáteis elas só pararam para almoçar, mas diante da minha ameaça de ir embora de casa. Exatamente às 6h05min de segunda-feira, quando ainda estava escuro e dia cinzento nascia, uma sirene disparou com o alerta que o nosso pedido de ingressos fora aceito.
Achava difícil, naquela altura, conseguir três ingressos justamente no dia do jogo, mas os astros conspiraram a nosso favor. Até o momento de passar pelas catracas que “leram” os ingressos duvidei que conseguíssemos entrar. Mas deu tudo certo.
Deixamos o carro a poucas quadras do estádio, num edifício, graças à gentileza de uma amiga da minha filha. De lá caminhamos a passos largos. Graças aos congestionamentos sentamos em nossas cadeiras no exato momento em que o juiz apitou o início de jogo. Ao subir as rampas de acesso ouvíamos os hinos e o alvoroço das torcidas.
Futebol à parte, participar da Copa do Mundo é uma experiência única. A diversidade das raças, a mistura de idiomas, o colorido das indumentárias e as diferentes maneiras de confraternizar formam um mosaico indescritível de um esporte que congrega pessoas de todo o planeta.
Depois do jogo a banda da Brigada Militar uniu gaúchos, brasileiros, argelinos e alemães ao som da Aquarela do Brasil, Salve a Seleção (hino da Copa de 70), o Hino Rio-grandense e um repertório que fez todo mundo esquecer a chuva e o vento frio.
A Copa do Mundo rendeu controvérsias. Duvidou-se da capacidade do país para organizar o maior evento esportivo do planeta. Houve problemas, mas o saldo é positivo. Em Porto Alegre, até a invasão de argentinos foi vista com simpatia e inédita tolerância.
Resta, agora, vencer a copa dos nossos problemas, a partir da disputa do pleito de outubro. Só assim seremos cidadãos em toda plenitude.