A verdadeira montanha-russa do clima gaudério se repete esta semana. Depois das chuvas do fim de semana, a nefasta umidade do ar chegou, em Porto Alegre onde moro, aos 100% na segunda-feira. Não porque ainda fico indignado com estas reviravoltas meteorológicas. Aos 54 anos já deveria estar conformado com o clima imposto por São Pedro aos sobreviventes do extremo setentrional do país.
A incidência de doenças típicas de inverno – principalmente respiratórias – transforma crianças e idosos em alvos fáceis. Os extremos registrados pelos termômetros de bombacha são implacáveis. No verão chega-se fácil aos 40°C, com uma sensação de abafamento que sequer no Nordeste do Brasil se experimenta. E o pior: sem a brisa que costuma soprar nas paradisíacas praias de águas azuladas do extremo oposto do Brasil.
Já no inverno a implacável umidade castiga pulmões, impinge sofrimento ao sistema respiratório, de maneira especial nos períodos de oscilações extremas como tivemos ao longo da semana. Por isso não impressiona a prosperidade das farmácias em território sul-riograndense.
Sempre tem alguém que, a partir dos sintomas, sugere medicamentos e até indica especialistas
Viajo com frequência às mais diversas regiões do Estado. Constato que a proliferação de drogarias é um fenômeno onipresente. Basta ver a quantidade de novas empresas do setor que afloram, comprovando que o segmento vai de vento (minuano) em popa.
Some-se a isso dois agravantes: o índice alarmante de hipocondríacos e o perigoso vício da automedicação. O prezado leitor e leitora conhece – é claro! – pessoas que são verdadeiras enciclopédias médicas leigas. Basta alguém manifestar algum sintoma para receber não apenas sugestões de medicamentos, mas ainda possíveis motivos da doença, seguida do nome de um ou mais especialistas. Inclusive com os convênios atendidos!
Neste diapasão, clínicas, farmácias, laboratórios e charlatões em geral têm crescente clientela das mais variadas idades e padrões sociais. A busca de “soluções por conta própria”, onde se ignoram os riscos provocados pelas drogas ingeridas, faz do Brasil um gigantesco mercado movido pela hipocondria e pela ausência de fiscalização na aquisição de medicamentos.
O resultado, também, é o agravamento de alguns quadros de saúde pela absoluta liberdade de comprar todo tipo de remédio, sem falar da busca incessante de “conselhos de balconistas”.