A fortuna, a fama e a glória, temas que abordei aqui na semana passada, também não resolveram a vida do talentoso Robin Willians, ator norte-americano que, em profunda depressão, acabou com a própria vida. Personagem de tantos bons filmes – Bom dia, Vietnã!, A Sociedade dos Poetas Mortos – só para citar aqueles que mais me agradaram, não segurou o grande personagem que representava para todos nós: do homem realizado, que faz o que mais lhe dá prazer, que alimenta a alma com a energia do próprio talento e o recicla entre milhares de fãs. Mas a tristeza quando escapa os limites da alma, transformando-se em distúrbio químico, é um perigo!
Em dezembro do ano passado, eu li aqui no AT, a matéria “Suicídio, um debate necessário”, que discute o tema com a profundidade necessária. Quem não leu, basta buscar no portal de nosso jornal. Vale a pena! Por isso, esta coluna retoma a pauta de maneira mais branda, em nome da valorização do que a vida representa. Seguidamente sou citado entre amigos e colegas de trabalho, como um sujeito equilibrado e tranquilo. Eu, aqui dentro do vulcão que não permito, jamais entrar em erupção, me ponho a rir.
Assim como outros tantos, talvez tenha uma única virtude, que é manter as lavas da insatisfação sempre distantes da depressão. Busco, lá no fundo, o realmente sou e o que represento para os outros. Bancar o centro da humanidade é uma espécie de escapismo para limitações impostas, talvez, por causas externas. Vivências passadas, infância sofrida, dramas mal resolvidos, sei lá. Eu, toda a vez em que me senti um zero, procurei olhar o que acontecia em meus interiores e sempre me encontrei, muito maior e melhor do que o drama existencial.
Assumir a limitada condição humana implica em aceitar erros – nossos e de terceiros – e cá entre nós, isso dá um certo alívio. Tira a corda – ou cinto – do pescoço. Desarma o espírito e sei, dividimos a dor com os outros, sem parecer um chato a reclamar de tudo e todos. Tem gente que se queixa por falta de reconhecimento – dia após dia – dos amigos, dos familiares, dos amantes, dos eleitores, dos candidatos. Querem morrer de desgosto! Antes e acima de tudo, é preciso conferir como anda nossa estima. Gostar-se é bom.
Afinal, como dizia John Lennon, “Podes viver uma mentira até o fim, mas uma coisa jamais conseguirás esconder o tempo todo: é quando estás esmagado por dentro”. Vivamos a nossa dor, como se amanhã fosse abrir um belo dia de sol. Mas se chover, que seja uma bênção para irrigar a esperança, para mostrar que somos todos tão originais, que merecemos – e devemos – inspirar com o nosso melhor, aqueles que circulam entre os limites da razão.