Quem percorre as madrugadas para buscar os filhos na balada ficou estarrecido com a manchete desta semana de um jornal de Porto Alegre: “Sem poder expulsar nem suspender”. A matéria tratava de estudo sobre parecer do Conselho Estadual de Educação (CEEED) prevendo que as escolas não reprimam a indisciplina com afastamento ou transferência de alunos.
A crescente falta de limites, resultado da omissão de pais e responsáveis, é visível em todos os ambientes sociais, as agressões a professores são manchetes frequentes. A postura do conselho impinge um castigo extra àqueles que percebem salários humilhantes e trabalham em péssimas condições. Depredações, vandalismo e pouco caso com o patrimônio público e privado campeiam livremente, travestidos sob a pecha de “uma nova educação” com base na liberdade ilimitada.
Impor limites ou chamar a atenção por comportamentos equivocados é sinônimo de crime. Tudo pode, em qualquer lugar, a toda hora. A truculência do comportamento juvenil, turbinada pelo consumo cada vez mais precoce de álcool e drogas de todos os calibres, não pode mais ser coibida nem dentro de casa. E em breve – pelo que se vê! – até na sala de aula. O universo infanto-juvenil se transformou num lamentável “vale tudo”. Quem quiser estudar em paz que se queixe para o bispo!
Ser conivente com vândalos e delinquentes parece filosofia dos tempos modernos
O parecer do CEED tem mais “pérolas”: impede as escolas de suspender, afastar ou expulsar alunos, mesmo envolvidos em transgressões disciplinares, independentemente de o estudante ter histórico violento ou como infrator, dentro ou fora da escola. O mais irônico (e revoltante!) é que os conselheiros argumentam que, desta maneira, “fica evidenciado o papel pedagógico das escolas”. Que função é esta que mantém delinquentes misturados a jovens empenhados em aprender?
Pagamos impostos abusivos e recebemos uma rede pública de ensino em precárias condições. Outra alternativa é virar refém da escola particular, de proibitivo para a maioria dos trabalhadores. A “nova função” que obriga a escola a “trabalhar esse estudante que hoje pode ser expulso” deverá ser implantada em que condições? Já existem inúmeras limitações entre os muros escolares. No caso da rede privada, certamente será mais um argumento para a majoração de matrículas e mensalidades.
Confinado em nossa residência com cercas eletrificadas, alarmes e uma infindável parafernália eletrônica, o contribuinte rezará para seus filhos retornarem incólumes da sala de aula, ambiente outrora sagrado e protetor.