Eu tenho um medo terrível do efeito estufa, do descongelamento da calota polar, da possibilidade de viver um eterno verão suando de fatiota e sapato fechado. E os ursos polares? Abanando-se em mares aquecidos ao lado de esbaforidas focas e leões-marinhos. As frutas amadurecendo fora de época, o buraco do ozônio a fritar a pele dos incautos e toda poluição gerada pelo ser humano. Mas tenho um medo igualmente grande dos chatos alarmistas que confundem crimes ecológicos com teses catastróficas pseudo-religiosas ou políticas.
Certa vez a cantora Sheryl Crown, de tantos discos legais em uma carreira de trabalho séria e competente, entrou no time dos ideólogos do qualquer-coisa-serve. Com ares eco-científicos, disse ter pensando em alternativas para frear, por exemplo, o exagerado consumo mundial de papel. E qual a proposição da moça para preservar florestas? Limitar o número de quadrados de papel higiênico a serem destacados pelo querido leitor toda vez que sentar, ou não, na privada.
Ela calculou que um quadradinho picotado servia para trabalhos menos “intensos” como, sei lá, um xixi básico. Até dois quadrados em casos de áreas amplamente evacuadas. Passar disso, “só diante daqueles extremos desagradáveis”, sentencia, em pleno surto diarreico verbal.
Será que a militante Sheryl instituirá o fiscal higiênico? Aquele sujeito que controla a centimetragem utilizada por cada família. Passados os quatro quadrados limite, multas… Meu Deus! Mais taxas! Essa guria deve ter dedos bem suaves pra não furar a folhinha… De qualquer maneira, não será qualquer fã a aceitar um singelo cumprimento de mão.
Aliás, precisaremos de muitos novos livros de autoajuda: “Seja suave com quem merece…” ou “A pressa no toalete é inimiga dos dedos limpos” serão títulos a esgotar em edições especiais.
Sheryl queria o fim das fraldas descartáveis. Mas não falou nada sobre absorventes femininos. Age em causa própria? Ou será que ela usa os paninhos típicos de décadas passadas? (É só perguntar às vovós como era).
Na época a cantora investiu também no mundo da moda sustentável. Desenhou camisas com “mangas-guardanapo” destacáveis e substituíveis após utilização na limpeza da boca. Assoar nariz, pode? Lembrei de minha mãe xingando quando eu utilizava mangas como guardanapo. E as mulheres de vestido cavado? Gentilmente o cavalheiro lhes estenderá o braço? “Amor, limpe seu batom em minha camisa…” Ele com a manga direita, ela com a esquerda. Romântico e politicamente correto.