Rodolfo Rodrigues – um amigo das redes sociais – se diz especialista em mulheres, embora o chamem de machista. É um homem de amores intensos, aprendeu tudo sobre elas e, apaixonado por carros, me passou seu método: “avaliar uma mulher é muito semelhante a um automóvel”, o que me leva a crer, por exemplo, que os Meneghini, em Arroio do Meio, são especialistas no assunto! A atual namorada do Rodolfo está em fase de teste drive. “Não é zero, mas tem cheirinho de estofamento de couro novo”, afirma entusiasmado. Boa de suspensão resiste bem a ao tranco. Sempre fez as revisões periódicas autorizadas. Saúde é fundamental, acredita. Igual a um auto de luxo, a mulher ideal precisa ser de condução leve e macia. Caso contrário, é como comprar um carro sem ar e sem direção hidráulica ou eletrônica.
“Esse negócio de não usar batom, não cuidar das unhas, não depilar-se é como não levar o carro a uma boa autolavagem. Não precisa ser mulher-perua, pode ser uma mulher-sedan, mulher-off-road, com todo o conforto que a vaidade exige”. Pegou pesado o meu leitor de nome composto! Direção hidráulica e air bag? Rodolfo ri de minha provocação. Air bag é acessório obrigatório. Não precisa ser original de fábrica. Pode muito bem ter sido adaptado posteriormente com silicone de boa qualidade.
Direção macia é fundamental. “Não quero uma mulher para ser guiada feito um veículo de quatro rodas. Seria machismo demais”, reconhece em um breve lapso de sensibilidade. “Mas não admito só ela a dirigir”. Tento argumentar que um carro é só uma máquina. Uma mulher só pode ser comparada a um sonho. Mesmo que um dia, cheguemos a conclusão de que essa mulher é uma utopia.
Rodolfo pensa diferente. Por exemplo, sua “máquina” atual, digamos assim, “chegou com o sistema propulsor amaciado, apesar dos maus tratos do antigo “proprietário”. Rodolfo passou a trocar o óleo com mais frequência, lubrificar as partes que sofrem mais desgaste e exigem cuidados e extrema delicadeza”, afirma com gestos de experiente piloto. Destaca a suspensão firme, embora macia. Coxas grossas semelhantes a pneus radiais de alta aderência, que absorvem bem o impacto e não derrapam mesmo sofrendo os mais variados impactos.
O problema é que um seminovo tem garantia curta. E quanto mais acessórios, maior o custo de manutenção. Reformas estéticas, estica ali, puxa aqui nas mulheres, compara Rodolfo. Manchas na pele, rugas em locais que você nem percebe, mas que para elas aparentam ser chagas a desvalorizá-las em um mercado competitivo. Há sempre um modelo novo no mercado. E quando começa a queimar óleo? Um dia pega, outro só no tranco “E nestes casos elas te acusam de insensível, brutamontes!” reclama.
Os carros eletrônicos, tem CPUs a provocar misteriosos defeitos, e especialistas caros que pouco ou nada resolvem. “É a mesma coisa com as mulheres. Às vezes tornam-se misteriosas, desanimadas. Reclamam de tudo, não querem sair, ficam na garagem, digo no quarto, recolhidas de farol baixo, sinalizando depressão”. Mas ainda é melhor do que andar a pé. “Ou em mulheres-ônibus onde sempre cabe mais um. Quando critiquei a comparação com transporte coletivo ele ironizou.
“Arrepiou, quer bancar o politicamente correto? Estás assim só porque tens andado em máquinas fora de linha. Aliás, veículos e mulheres têm um custo alto demais se calcularmos o tempo a ser desfrutado em seu interior”, conclui às gargalhadas. Encerrei o bate-papo ali mesmo. Mas…