Depois de muitos cavaletes, milhões de santinhos que emporcalharam as ruas e calçadas, o primeiro turno das eleições de 2014 é passado. Pelas informações de alguns amigos, o Vale elegeu apenas um deputado estadual “da gema”, ou seja, natural das barrancas do Taquari.
Por diversas vezes defendi, aqui, neste espaço, a necessidade de nomes, talvez em número menor, mas com densidade eleitoral capaz de representar a nossa região na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. A presença de conterrâneos nestes espaços é fundamental na conquista de melhorias, investimentos e avanços.
É muito difícil compatibilizar esta necessidade com a vaidade que move as pessoas, em especial os políticos. É inimaginável equacionar a possibilidade de sentar-se à mesa para indicar nomes capazes com chances de obter um mandato.
O paternalismo, prática criticada por tanta gente, continua fomentada por significativa parcela do eleitorado. Pedir dinheiro, regatear favores, buscar vagas em hospitais, mendigar medicamentos, ternos de camiseta, churrascos e cerveja compõe um folclore consolidado e que permanece inalterado, mesmo com as novidades como a campanha feita pelas redes sociais.
Talvez seja hora de rever procedimentos para não incorrer nos mesmos erros
As novidades tecnológicas não arrefeceram o ânimo dos que fazem do período eleitoral espaço fértil para obter benefícios pessoais. Poucas pessoas, dotadas de liderança comunitária empregam esta virtude positivamente. Isso cria um círculo vicioso onde o eleitor pede e o candidato se vê compelido a atender as reivindicações abusivas.
Esta deformação não ocorre apenas em comunidades do interior. Nos grandes centros, nos bairros carentes, o vício de condicionar o voto ao atendimento de pedidos continua presente. “Se eles querem o meu voto, ao menos que eu tenha um benefício”, disse um líder comunitário em alto e bom som na semana passada quando estive num bairro popular de Porto Alegre.
Não há constrangimento. Nem dos pedintes, nem daqueles que surfam na ilusão de que o eleitor vai sufragar seu nome com o atendimento dos pedidos. Não conheço a realidade do Vale do Taquari para apontar os motivos. Mas lastimo que apenas um candidato oriundo da região tenha chegado à Assembleia Legislativa.
Merecíamos mais. Talvez seja hora de rever procedimentos e modificar estratégias para não incorrer nos mesmos erros desta eleição.