Arroio do Meio completa 80 anos. Não importa a localização, o tamanho ou detalhes da história. A terra natal é sempre motivo de orgulho, satisfação, regozijo e um mergulho no passado.
Há décadas estou longe do meu pago, como dizem os fronteiriços. Faço visitas frequentes a minha mãe, o que me permite conhecer de maneira superficial a atmosfera pulsante da comunidade. Mas somente no convívio diário é possível identificar as ansiedades da nossa gente, seus sonhos, os projetos dos administradores e as frustrações dos que jamais saíram daqui.
Apesar do imenso orgulho, não desconheço os problemas. Lembro da cidadezinha com os “entes pensantes” feito vizinhos: Prefeitura, igreja, Câmara de Vereadores, Clube Esportivo e a Praça Flores da Cunha. Neste quadrilátero central faltavam apenas os estabelecimentos de ensino, um pouco mais distantes.
Lembro da instalação de uma sinaleira na esquina da Dr. João Carlos Machado com Monsenhor Jacob Seger, o que rendeu muitas gozações nas cidades vizinhas. Recordo dos bailes do Clube Esportivo Arroio do Meio: de kerb, debutantes e Carnaval, sem falar das boates ao lado da cancha de bolão. Estudei na Escola Luterana São Paulo, da inesquecível Dorothea Suhre, e depois no Colégio São Miguel, do grande amigo Silvério Huppes, mestre de incrível capacidade de diálogo com os jovens, apesar dos arremessos de giz…
O rio Taquari embalou minha adolescência. O amigo e borracheiro Donato Kerbes guardava imensas câmaras de ar que, amarradas, se transformaram em transporte perfeito para navegar até Lajeado, de onde voltávamos de carona. No verão, a “represa do seminário” era ponto de encontro da gurizada, usada também para as aulas do inesquecível capitão Aldo Thomé. Era um ousado professor de Educação Física que nos ministrou as primeiras noções de educação sexual, enfatizando a necessidade de tratar com respeito e carinho as gurias.
O futebol no campo no União da Bela Vista (onde minha mãe fritava deliciosos pastéis) ou no Sete de Setembro, em São Caetano (defronte à casa da bisavó Claudina Wienandts), os piqueniques na cascalheira com a família, os comícios da exitosa campanha a vereador de meu falecido pai, a infância no bairro Bela Vista, o “torneio da praça”, as tardes de domingo no Morro Gaúcho e tantas outras reminiscências continuam vivas.
Nasci, cresci e até hoje falo bem da minha cidade. Parte significativa da minha vida está aqui, onde passo muitos finais de semana. Na busca de paz e da energia dos amigos de tantos anos. Parabéns Arroio do Meio e arroio-meenses!