Arroio do Meio – Em reunião realizada quarta-feira na Câmara de Vereadores, com representantes de entidades, empresários, comerciantes e líderes, a Polícia Civil e a Brigada Militar (BM) convocaram a comunidade a participar do policiamento, visto a falta de efetivo.
A comandante da 3ª Companhia da BM local, capitã Karine Pires Soares Brum, revelou que há cinco anos o efetivo era de 36 policiais e atualmente só há 14, sendo que dois serão cedidos à Operação Golfinho e quatro atuam na segurança do Presídio Estadual de Bela Vista. “Com este número conseguimos realizar apenas os serviços administrativos e manter uma única viatura na rua”, esclarece.
Segundo a capitã, tanto a Operação Verão, quanto a segurança no presídio rendem diárias aos policiais, “é uma política de governo, não há como impedir”. Porém, o principal fator para diminuição do efetivo está relacionado às características da região que não tem como cultura a formação policial e faltam atrativos para mantê-los, “no ano passado a comunidade entendeu que não era viável ajudar os policiais com auxílio moradia. Por isso muitos migram para regiões que possuem este benefício, ou voltam para as cidades de origem, onde estão mais perto da família e o custo de vida é menor”, aponta.
Apesar da diminuição do efetivo, na visão da capitã o policiamento está cumprindo com o seu dever, “não estamos optando pelo trânsito, como afirmaram pessoas à imprensa. A fiscalização do trânsito é uma das incumbências da BM, e temos diversos casos de mortes, lesões e sequelas irreparáveis, não podemos nos omitir dessa tarefa. Já na questão de delitos, as estatísticas apontam que houve aumentos dos flagrantes. Todos nossos policiais costumam ajudar a comunidade, levantar informações, mesmo nos momentos de folga. Os dois homicídios registrados geraram uma sensação de insegurança, mas foram fatos isolados, não foram contra donas de casa de bem, por exemplo”, justifica.
De acordo com a oficial, é necessário combater os pequenos delitos para coibir os crimes de maior proporção no futuro, “precisamos semear o interesse do policiamento nos jovens. E isso começa pelo respeito aos policiais”,
Já o delegado João Alberto Selig, cogitado para assumir a delegacia regional, reconhece que as reclamações da comunidade tem fundamentos, “nos últimos quatro anos nenhum índice de criminalidade diminuiu, todos aumentaram. Para cada cinco traficantes presos, surgem 29. Os usuários de drogas estão presentes nas famílias pobres e ricas. E praticamente todos os delitos, que vão de roubos à violência doméstica, estão relacionados a drogas ilícitas e lícitas. Na cadeia a recuperação é nula”, expõe.
Conforme Selig, na Polícia Civil também há um déficit de agentes, o que dificulta o andamento das investigações, “toda ajuda da comunidade é importante […] a formação de um policial leva em torno de dois anos. Faltam policiais nas ruas e os marginais estão se achando os donos”, expressa.
Tanto o delegado quanto a capitã, avaliam que a comunidade e as famílias não podem se omitir diante dos fatos e devem colaborar fornecendo informações, que podem ser feitas de forma anônima.
Durante a reunião representantes do comércio relataram casos de delitos às autoridades, e concluíram que a prevenção por meio da colocação de grades, instalação de alarmes e câmeras de vigilâncias, aliadas a mobilização conjunta são as armas mais eficientes de combater o crime.
A ocupação juvenil com atividades de inclusão social por meio do esporte e cultura é vista como forma de prevenir o ingresso na criminalidade. Já no sistema carcerário local, são o trabalho e a religiosidade.
O prefeito Sidnei Eckert pediu apoio político de todos os partidos para buscar o aumento do efetivo junto a deputados e Secretaria Estadual de Segurança Pública.
A capitã Karine Brum, está deixando o comando da BM de Arroio do Meio, mas ainda responderá como titular, até que seja feito o anúncio de um comandante substituto.