Mais um ciclo político-administrativo se encerra no Rio Grande do Sul no dia 31. Os eleitores gaúchos mais uma vez não reelegeram um projeto que tinha, à frente, o governador Tarso Genro. Trata-se de uma característica histórica que, ao lado da fama autoproclamada de “O Estado mais politizado do Brasil”, não trouxe ao longo das décadas resultados positivos.
Não tenho a pretensão de analisar o governo que se encerra, mas acredito que os nossos problemas são tão complexos, graves e profundos que o período de quatro anos seja insuficiente na busca de soluções. O PMDB – que esteve no Palácio Piratini com Pedro Simon, Antônio Britto e Germano Rigotto -– retorna com José Ivo Sartori.
A diversidade de partidos que compõem a base de apoio do novo governador oferece vantagens e riscos. O grande ganho, talvez, seja a facilidade em aprovar os projetos prioritários, de maneira especial no início do mandato, quando há necessidade de manobras urgentes para estabelecer princípios do novo governo.
A mesma coalizão, no entanto, pode trazer inúmeras dores de cabeça ao caxiense que no dia 1º de janeiro assumirá o Palácio Piratini. A ocupação de espaço, através da reivindicação de secretaria, cargos em comissão e maior destaque dentro do governo, constituem uma alquimia rica em desgaste. É tarefa de extrema dificuldade manter saciados cerca de 12 partidos que miram o exercício do poder como uma possibilidade histórica de ganhar espaço na mídia.
Os remédios serão amargos, mas palatáveis se houver eficácia
Aperfeiçoar esta engenharia político-administrativa ao longo de quatro anos é uma façanha que raros políticos conseguem cumprir com louvor. A vaidade, associada às armadilhas do exercício do poder, transformam o comportamento das pessoas.
No lado oposto desta vereda se encontram os problemas crônicos do Estado, com destaque para os percalços financeiros de uma máquina cara, pouco eficiente e que presta serviços precários ao contribuinte. Trata-se de uma cantilena surrada, repetida à exaustão por todos os partidos e ideologias (isso ainda existe?) que ocuparam o principal cargo político do RS.
Os remédios, ao menos no primeiro momento, serão amargos, suportáveis apenas em caso de resultados eficientes. Mas isso só saberemos a longo prazo. Daqui a quatro anos haverá um novo “vestibular do poder” será realizado para detectar, outra vez, como está o humor e a paciência dos gaúchos.