Levantamento divulgado esta semana mostra que em 2014 foram registradas 991 mortes em rodovias estaduais e federais do Rio Grande do Sul. O número é assustador embora represente redução de 3,7% em relação a 2013, quando 1.029 vidas foram ceifadas.
As estatísticas do trânsito são manchetes permanentes. Acidentes com mortos, mutilados e muitos feridos têm a capacidade de impactar somente no dia em são veiculados pela mídia. Aos poucos, as tragédias rodoviárias são diluídas em nosso cotidiano, incapazes de modificar o comportamento ao volante ou mesmo como pedestre, causando uma espécie de anestesia geral.
O aumento da segurança dos veículos é insuficiente para frear a proliferação de condutores desprovidos de consciência coletiva. A tecnologia que ampliou extraordinariamente os dispositivos de proteção – freios ABS, air bags, sensores de impacto – é incapaz de fazer frente ao excesso de velocidade, consumo de álcool, sono e descaso com a manutenção dos veículos.
Os números demonstram a necessidade urgente de introduzir conteúdos de direção defensiva no currículo dos Ensinos Fundamental e Médio. O péssimo exemplo dos pais e o estímulo obsessivo à velocidade veiculado pela publicidade das montadoras precisam de um freio através da conscientização.
A tolerância deveria pautar o nosso cotidiano, principalmente quando se trata de trânsito
No Rio Grande do Sul a falta de educação potencializa os maus hábitos no trânsito. Em Porto Alegre, onde transito todos os dias, o grau de irritação soa como sinônimo de bestialidade. É comum vislumbrar veículos em perseguição até a sinaleira mais próxima para despejar impropérios, palavrões e ofensas. Seja homem, mulher, jovem ou pessoa madura.
No sábado conversei com uma amiga que teve a traseira do carro abalroada numa larga avenida da Capital. Depois da batida, o infrator cortou a frente da incauta que foi obrigada a trancar as portas e levantar os vidros temendo uma agressão física.
– Ele estava transtornado, parecia um louco. Veio na minha direção com o braço erguido, punho fechado. Me tranquei e rezei. Graças a Deus saí ilesa! – contou.
A tolerância – fada madrinha que possui o condão de humanizar as relações interpessoais – deveria pautar o nosso cotidiano. O estresse, os problemas pessoais, a impaciência e outros sintomas da vida moderna precisam ser contidos.
Quando isso não é possível, o custo, no trânsito, é sinônimo de perda de vidas, lesões que às vezes inviabilizam a vida normal, dor, tristeza e dor por toda parte. Sempre é tempo de transformar comportamentos para humanizar o trânsito.