Há poucos dias enviei uma mensagem do meu celular destinada a uma amiga de longa data. Não tinha certeza da data de aniversário dela. Por isso arrisquei o envio de uma mensagem via celular:
– Amanhã tem festa? – perguntei cheio de prudência. A resposta não tardou:
– Aos 55 anos não se faz mais festas, mas valeu pela lembrança e valeu para levantar a moral de uma mulher desta idade! – devolveu.
Cheguei a me assustar, mas depois refleti sobre como as diversas maneiras como as pessoas reagem quando o assunto é idade. Atualmente é errado crer que somente as mulheres são refratárias à revelação do ano de nascimento. Conheço muitos homens que não escondem o constrangimento ao serem questionados sobre a DNA – Data de Nascimento Antiga.
Este mal-estar aumenta se a pergunta for disparada numa mesa de bar com público feminino em volta. Pelo jeito… ninguém quer envelhecer. Ou demonstrar a idade em público.
A vaidade – antes exclusividade feminina – chegou aos homens. A massiva publicidade talvez seja responsável pelo fenômeno. Assistindo tevê – e vasculhando as redes sociais – depreendo que só existem pessoas jovens, bonitas, alegres e que frequentam lugares chiques, bonitos e que estejam da moda
Um dia a pochete vai voltar. E muita gente finalmente estará na moda
A deslavada venda de ilusões através da mídia por todas as plataformas cavou um fosso entre a ilusão e a realidade. Lutar contra as rugas não é sinônimo de vaidade desenfreada, mas tudo tem limites. A autoestima, propagada aos quatro ventos no facebook, deve ser usada em doses homeopáticas para não virar narcisismo.
Nascido em 1960, presenciei modas que hoje soariam “sem noção” que não teria coragem de mostrar a meus filhos. Tudo vai e volta. Roupas, calçados, cortes de cabelo, músicas. Lembro do tempo em que carro vermelho de quatro portas era sinônimo de “casamento eterno” com o dono.
– Ninguém compra! Nem gringo exibido! – diziam os “picaretas de auto” falando dos consumidores de sotaque italiano que ostentavam veículos enormes de cores berrantes.
Basta um cochilo da moda para que a perseguida (e maldita) pochete, por exemplo, desfile na cintura de Gisele Bünchen. Odiada pelas mulheres, a bolsinha de utilidades voltará.
E aí, caro leitor com 50 e poucos anos… a nossa vingança será completa!