E segue
Ele: “Tu desistiu do nosso rolo, né?
Ela: “kkkk”
Ele: “tu precisa de uma aventura louca e descontrolada com um amante. Vai te fazer bem.”
Ela: “é tentador …”
Ele: “é nada. Tu não quer! Fica fugindo.”
Ela: “to não.”
Ele: “tá não o q?”
Ela: “não estou fugindo … ora!”
Ele: “então… Diz que topa. Diz que topa….”
Ela: “Topo!”
Ele: “SÉRIO???????????”
Ela: “kkkk. Ué. Quando tu pode vim para cá?”
Ele: “Quando vai ser? E a consciência pesada? Esqueceu?
Ela: “CLARO Q NÃO. MAIOR CULPA!”
Ele: “He, he, he”.
Essa conversa, assim como está, foi acompanhada, em uma espécie de cena de filme, tipo 50 Tons de Cinza, por um terceiro personagem, não um voyer desses que gostam de espiar textos picantes, mas por um personagem involuntário – um marido em estado de choque. Não são apenas os jovens a expor fantasias e desejos íntimos nesta grande rede virtual. A turma graúda também anda a fazer das suas estripulias. E depois, muitos deles, ainda saem a pregar moral, literalmente de cuecas e calcinhas, como bons noivos ou cônjuges.
Distraída, a esposa utilizara o computador do escritório do marido e não percebera que o bate-papo do Google, sempre tão prático, desgraçadamente salvara sua senha. É claro que a conversa dos candidatos a amante tinha detalhes muitos mais íntimos, com envio de fotos, semelhantes àquelas das meninas de Encantado, seguidos de comentários genéricos, alguns até sobre a dormência dos casamentos. Colocaria muito texto metido a sensual no bolso. Não escrevo para condenar ninguém, cada um sabe de si. Mas para alertar sobre os riscos que as redes sociais oferecem. O contato online desinibe, é um estimulante virtual para gente que sofre com o tédio, tanto profissional, ou amoroso. E os lança a estes riscos.
Com toneladas de conversas explícitas gravadas – a maioria impressa no bom e velho papel – o esposo foi cobrar explicações da esposa. Pensou em divulgar para todos os amigos comuns do Face, seria um choque violento. Mas ao conversar com ela, que desabou em choro e depressão, apiedou-se. E percebeu que poderia ser notícia de jornal. Passaria por marido frouxo. Coisa que nunca fora. Sabia também de centenas de outros casos iguais, com textos absurdamente semelhantes. O pessoal não mede consequências.
Mas confidenciou os detalhes a dois amigos, um deles o autor dessa coluna, que tem vocação para psicanalista. Queria alertar as pessoas, novas ou maduras para os riscos de transformar o jogo amoroso, em um quebra-cabeça de culpas e fantasias sem controle. A esposa implorou para que a relação fosse retomada, falou que o amava. Ele acreditou. Era amor para toda a vida. Mas o encanto, a alegria da relação, estavam profundamente abalados. E sinceramente, não sei o que decidiu. Alguma sugestão?