Escrevo às pressas estas linhas. Azar! Mais uma vez os leitores do AT desculparão algum erro gramatical. O importante é a mensagem que pretendo passar. Esta sim, não pode ser truncada ou incompreensível. Acabei de ler matéria no jornal online Sul 21, sobre as jovens de Encantado que viram fotos suas espalhadas por redes sociais. Pior, sofreram críticas na mídia local, como se culpadas fossem, da traição daqueles a quem confiaram sua intimidade. Eu não apoio nem incentivo ninguém a fazer esse tipo de brincadeira sensual. Mas não condeno. Quem sou eu para sentenciar alguém que topa um jogo erótico e acaba traído por algum mau caráter?
Tem homens que se dizem modernos, que adoram classificar como “vadias” mulheres que adoram se mostrar sexy, atraentes, utilizando roupas criadas por estilistas famosos, ou feitas pela vovó costureira, justamente para torná-las mais bonitas, desejáveis. O que estes mesmos homens dizem daqueles sujeitos que vestem roupas que revelam músculos torneados e barrigas tanquinho? Seriam esses também “vadios?”, ou simplesmente tipos que gostam de se tornar atraentes às mulheres valorizando os dotes que a natureza os privilegiou? Não os vejo sendo ameaçados de estupro.
O que é vergonhoso, escandaloso e obsceno – nocivo à sociedade – é o discurso cínico e falso moralista daqueles que, na maioria das vezes, condenam estas gurias, esquecendo seus imensos telhados de vidro. A noiva que aceitou a brincadeira com o amado e depois, quando o romance acabou, se viu na internet é a culpada e merece tratamento psiquiátrico? Ou não será o idiota que egoisticamente a lançou uma rede antissocial, voyer que gosta de espiar a fraqueza alheia para atingir seu gozo instantâneo e solitário.
Certa vez, os colegas de meu filho mais velho acharam uma foto rasgada em mil pedaços. Aos poucos, juntaram tudo, como um quebra-cabeças. Ao ser concluído, perceberam que era uma jovem amiga deles. Ela pousara nua para o namorado, mas exigira a foto de volta quando soube que ele fazia o mesmo jogo com outras.
Dei um sermão nos guris, na tentativa de fazê-los ver que toda intimidade deve ser preservada. Ela não era uma garota “fácil”, como tentavam classificar. Apenas descobria o prazer de se sentir desejada, da paixão em seu mais bonito momento. Havia curtido a leveza da entrega irrestrita a quem se confia e ama.
Então, neste caso, quem merece punição? Quem merece ser chamado dos mais vis desaforos? Não seriam estes que subvertem estes sentimentos bonitos criados por Deus, com um tipo de pudor nefasto? Tão artificial quanto o sentimento que plantam naqueles que conseguem iludir.
Não sei se me fiz entender. Ou se mereço algum castigo. No fundo, eu defendo a essência, a pureza do amor sensual, que exige entrega, confiança e intimidade absoluta. Mas aprendi, nestes longos anos de vida, que isso não é para todos.