Vivemos uma aparente liberdade, temos a oportunidade de fazer nossas escolhas. A possibilidade de decidir é uma ferramenta humana que nos permite ter projetos, sonhos e objetivos para a nossa vida. A partir dessas decisões, tomamos ações que nos direcionam para certos caminhos, e deixamos assim de trilhar outros.
A vida é uma sequência de escolhas e muitas delas se tornam automáticas no nosso cotidiano. Segundo a psicóloga Grasiela Piassini, facilmente escolhemos o que vamos comer, o que vamos vestir, qual programa de televisão vamos assistir. Outras decisões, bem mais importantes, dão ou mudam o rumo das nossas vidas. Escolhemos se vamos casar ou não, se queremos ter filhos, onde queremos morar. Escolhemos uma profissão e escolhemos permanecer nela ou não.
“Essas escolhas, mais difíceis de serem feitas, podem nos amedrontar, pois envolvem riscos e consequências, podendo gerar sofrimento e nos colocar num lugar de permanente indecisão, nos paralisando, estagnados na dúvida”. Pressão ou cobranças podem influenciar negativamente no processo de tomada de decisão ou podem nos levar a tomar decisões a partir do desejo dos outros. “Quando tomamos decisões a partir da opinião dos outros, acabamos nos perdendo de nós mesmos. A opinião dos outros é deles, e é importante deixá-la para eles, tomando nossas próprias decisões a partir das nossas preferências e necessidades”.
Grasiela salienta que tomar decisões e fazer as mudanças necessárias não é fácil, pois implica em riscos e pode gerar medo, angústia e estagnação. “Assim, indecisos e sem ação, corremos o risco de nos acomodarmos, aceitando modos de vida adoecedores. Adoecemos quando permanecemos num trabalho que não nos traz satisfação, quando mantemos um casamento no qual o amor acabou, quando fazemos coisas que nos desagradam ou quando convivemos com pessoas com as quais não nos sentimos bem”.
Segundo ela, quando tememos a decisão adiamos mudanças importantes. Acabamos nos queixando de nossas vidas, sentimo-nos insatisfeitos e infelizes e não nos movemos na busca de melhorias. Não há fórmula mágica da felicidade e ela não é um estado de graça. Precisamos assumir as rédeas da nossa vida, tornando-nos autores da nossa história, não meros personagens a mercê da casualidade.
“Claro, decisões importantes da nossa vida não podem ser tomadas de forma apressada ou num impulso. É importante um tempo para reflexão, autoconhecimento. Decisões importantes implicam em riscos, e podemos errar, sendo então necessário transformar o erro em aprendizagem, fortalecendo assim a confiança e a eficácia”, frisa.
Portanto, é possível sim mudar as nossas vidas, transformar o que nos desagrada e construir nossa própria história a partir dos nossos desejos. Afinal, nosso futuro não está escrito, vamos construindo-o a partir das nossas escolhas.