A arquiteta arroio-meense Cristiane Lavall conquistou no início do mês, o prêmio CAIXA IAB RS 2014 José Albano Volkmer, promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Rio Grande do Sul (IAB-RS). O prêmio destaca o melhor trabalho de conclusão dos cursos de Arquitetura de instituições gaúchas. Como premiação, Cristiane irá viajar para Medellin, na Colômbia, atual berço de arquitetura contemporânea de alta qualidade na América Latina. O trabalho também irá integrar o Catálogo do Prêmio, uma publicação que reúne todos os projetos participantes do concurso e será distribuído aos arquitetos do Estado.
Orientada pelo professor Alex Carvalho Brino, a arquiteta concorreu com o projeto de um centro de arte, cultura e educação para a cidade de Arroio do Meio. De acordo com Cristiane, a pergunta que motivou o trabalho foi: “Por que um espaço tão nobre, no coração da cidade, encontra-se em estado de abandono, vulnerabilidade, esquecido pelo poder público e pela população?”. Intitulado de Espaço VivAcidade | arte – cultura – educação, o projeto foi pensado para proporcionar diferentes usos e atividades voltados à cultura, além de revitalizar o quarteirão do antigo CNEC, um espaço que atualmente se encontra subutilizado.
O principal objetivo do projeto é a criação de um espaço democrático, e que por meio da arquitetura adicione, agregue e regenere o espaço da existência coletiva e da urbanidade. “Buscaram-se ideias para revitalizar uma quadra nobre em meio a um espaço central densificado; preservar e celebrar a natureza existente no local, respeitar as edificações do entorno, primar pelo espaço livre e permeável, acessível a toda população”.
Quanto ao prêmio, Cristiane afirma ser imensamente gratificante esse reconhecimento depois de muitos anos dedicados ao curso. “Trata-se de um primeiro reconhecimento profissional, mesmo sendo um trabalho acadêmico. É um grande incentivo para jovens arquitetos”, acrescentou.
Justificativa do projeto
Com a justificativa de que Arroio do Meio carece de um espaço coletivo relevante e adequado, que evidencie sua cultura e que comporte as diferentes atividades e usos em âmbitos artísticos, educacionais e sociais promovidos na cidade, como, por exemplo, a Gincana The Horse, a CulturArte, entre outros, o VivAcidade foi proposto. Atualmente a biblioteca pública, o telecentro e outros setores públicos localizam-se no edifício do extinto colégio CNEC, adaptados e improvisados em um espaço que apresenta diversas patologias. Cristiane destaca que, desde o fechamento do Cine Teatro Real, o município não possui um auditório público, tampouco um espaço desse porte que seja acessível a toda população.
Sendo assim, a proposta da arquiteta é composta por um teatro para 400 pessoas, além de biblioteca municipal, ateliês, salas de aula e multiuso, laboratórios, espaços expositivos, cineclube, restaurante, praças e estacionamento coberto para 100 veículos. “O espaço funcionaria em tempo integral, proporcionando a troca de ideias e a interação da comunidade por meio de mostras artísticas, práticas sociais e de lazer. O tema do projeto e sua relevância para os habitantes da cidade busca um local que seja representativo, com centralidade e acessibilidade. A quadra do CNEC atende a esses pré-requisitos, pois tem fácil acesso; é adjacente à via principal Dr. João Carlos Machado; tem acessibilidade de transporte público e, por estar no centro, está próxima aos principais equipamentos urbanos e também à maior escola do município, o Guararapes, que poderia usufruir desse novo espaço”.
O projeto
As edificações existentes, a antiga escola e a quadra coberta, seriam retiradas da área devido ao estado de má conservação e patologias que ambas apresentam, por não comportarem de forma adequada os usos aos quais hoje estão destinadas e não possuírem valor arquitetônico expressivo. Grande parte da vegetação existente na quadra, composta por árvores nativas e exóticas seriam preservadas, valorizando o potencial paisagístico da área. O respeito com o espaço livre da quadra e a altura de gabarito baixo das novas edificações, traduz também respeito à cidade, evoca um espaço silencioso em meio à agitação do Centro. Com o projeto, o fluxo de pedestres no entorno da quadra aumentaria, gerando mais dinâmica, vivacidade e segurança ao espaço. “Tornar a quadra do CNEC como referência e identidade de sua população contribuiria também como apoio a roteiros turísticos e intercâmbios culturais, inclusive com a cidade coirmã Boppard, da Alemanha”, salienta Cristiane.