Terça-feira o Jornal Nacional apresentou uma matéria especial sobre uma contradição brasileira. Mais uma! Todos nós – ou quase todos – queremos viver muitos anos. E a esmagadora maioria não cuida do fundamental para uma candidatura à Matusalém. A matéria apresentada por um novo e sarado repórter, iniciava à mesa servida de refrigerante e um hambúrguer (bem menor do que os tipos calotas de caminhão que já tracei por aí). Como chegar aos 120 anos se a conta da longevidade é percentualmente perversa, 25% genética e 75% restantes de cuidados com o corpo.
É difícil. Nunca comi um “xis” em Arroio do Meio, mas sei que existem, assim como em todo Vale de Taquari. Em Porto Alegre, dá para escolher entre as grifes MacDonalds, Burger King, os tradicionais de lanchonetes, as novidades das foodtrucks. E temos hamburguerias gourmet, ou seja, tudo aquilo e mais algumas gramas de ervas e molhos diferenciados e gordos!
Recentemente disse aqui que tenho um compromisso de emagrecer até outubro. Os dias passam, a balança ri e meus colegas – insensíveis – até caderno de apostas abriram. Não me atrevi a perguntar se a turma do “não vai dar certo” está liderando. Tenho fé. E medo! Um temor que faça o alfaiate abrir uns pontos na costura para acomodar a pança inglória. Espaçosa, cruel, responsável por um aperto danoso em meu coração e orgulho.
Um estudo realizado recentemente apontou que os hábitos alimentares dos brasileiros andam terríveis! Ouviram, segundo matéria do jornal Gente, da Globo, 2.131 trabalhadores que fazem, pelo menos, uma refeição fora de casa. Um pouco mais da metade disse que só colocam coisas saudáveis nos pratos. Mas os restantes exageram. Alegam que seus dilatados estômagos pesam e lhes fazem sentirem-se sonolentos após cada almoço. Olha eu aí, gente!
A reportagem foi à rua e flagrou gente banhando os lábios em óleo de frituras, doces e pães. Todos, logicamente, dando um jeito de encurtar a vida, em troca de prazer imediato. Pior ainda é o lanche entre refeições de 61% dos trabalhadores brasileiros, a maioria a base de açúcar e salgadinhos. Ou seja, não estou só. A diferença é que muitos, e não estou neste grupo, não engordam.
Não estou focado em viver 120 anos. Minha urgência é a perda de alguns quilos em dois meses. Por isso quero abandonar frituras, doces e salamaleques farinhentos, cremes de nomes bacanas como o francês brûlée. Podem apostar. Estou agendando tudo. Cada pedaço de bife, cada deliciosa leguminosa, cada fruta é friamente calculada para a redução de peso.
Se resultar em alguns anos mais, que me permitam ter forças para soprar a velinha e dar alguma alegria à velhinha que deverá me acompanhar. E memória para não esquecer como se faz dieta. O resto a natureza empurra. Ops! Será que usei a palavra certa?
O mais correto – e difícil – é superar barreiras, fugir do trabalho sórdido das células adiposas que percebem tua disposição por emagrecimento e relutam em liberar aquela energia em excesso acumulada em anos de orgias gastronômicas. Exercícios ajudam com ou sem personal. O difícil é conviver com o grupo celular deste meu corpo fofo. Ali vivem as células bem acomodadas, mesmo na ginga da malhação mais frenética.
Encerrados os exercícios, lá vêm elas avisando, aos roncos, via estômago, que não irão liberar as muitas reservas calóricas que guardam. Eu finjo que não escuto e, em represália, me fazem tontear. Cretinas! Exigem comida fresca, nova e gorda! Mas desta vez, eu vencerei! Podem apostar!