Era um compromisso assinado comigo mesmo. Emagrecer dez quilos até a data do casamento de minha filha. A guria casa no sábado, 31, e a balança me diz que foram apenas dois míseros quilos. Dieta não pode ser confundida com caráter, caso contrário, estou em dívida comigo mesmo. Os noivos também estavam comprometidos com uma dieta rigorosa e pelo que vejo, também não funcionou muito. E aí, passo por bancas de revistas, abro e-mails, confiro nas redes sociais e todos oferecem soluções milagrosas para emagrecer. Então quem mantém esse batalhão de gente fofa?
O ilustre leitor que não consegue reduzir algumas gramas será um sujeito sem vontade e determinação? Ou apenas usou comida, bebidas em geral e o sofá diante da tevê, por uma mínima folga na ansiedade? Mexer-se alivia a tensão, uma boa caminhada, faz bem. Comer menos e melhor, igualmente é saudável, reduz peso. E beber com moderação – seja um refrigerante, um suco natural ou uma boa cerveja – é o mais recomendado. Mas quem se importa? O entorno é dureza com as mais variadas carências, indisposições e atropelos.
E aí lá vamos nós seduzidos por essas tentadoras ofertas. Cervejas que seduzem as mais belas modelos e atrizes, espumantes que atraem homens chiques para mulheres solteiras. Conheço uma moça que frequenta os mais badalados pubs da Capital e até agora, só conseguiu muita ressaca como companhia no dia seguinte. E os homens, conquistam lindas e nada sexys panças. Em outras palavras, metemos o pé na jaca, literalmente, ao invés de provarmos moderadamente desta fruta.
Agora voltemos ao foco dos compromissos sociais. A média anual é de um milhão de casamentos no Brasil. Olhem as igrejas nas redondezas do Vale do Taquari e perceberão que não é exagero. É gente gastando em média R$ 40 mil para bancar os custos de uma festa, com direito a foto, música – verdadeiros espetáculos pirotécnicos e cênicos – tudo realizado entre horários de trabalho, estudo e intempéries climáticas. Pura tensão! Definir a lista de convidados e esperar pelo retorno dos magoados excluídos. Como cuidar da saúde assim?
Ao mesmo tempo o número de obesos é cada vez maior no Brasil. Mais de 50% dos homens sofrem com sobrepeso, o índice baixa em média 6% entre as mulheres. Mas ainda é alto. As pessoas prometem mudar hábitos alimentares – todas as segundas-feiras – e raramente ultrapassam a prova das sextas-feiras e excessos nos fins de semana. “Eu não estou sozinho, metade da população brasileira passa por isso”, argumentam, como se participar da metade gorda de brasileiros os livrasse do pecado da gula. Pesquisa não é remissão de culpas. É alerta!
Mas igual a esta maioria, ando cansado das ameaças, das curas milagrosas e da constatação de que apenas o risco de uma moléstia grave nos coloca na linha do emagrecimento. Meus colegas que fizeram apostas, vão brindar com uma churrascada, a minha “derrota” diante da balança. Dois quilos em três meses é realmente uma pitada de sal em um mocotó completo. Relaxei, eu sei, mas como a metade dos homens vive o mesmo drama, ou seja, a culpa não é das guloseimas que invento. A culpa, certamente, é das estatísticas sobre obesos. E tenho dito!

