Um ministro do governo federal afirmou que a crise enfrentada pelo país “está sendo inflada por alguns meios de comunicação” ao passarem a ideia, segundo ele, de que o “Brasil está acabando”. A culpa é nossa, ora vejam! Transferir responsabilidades parece um exercício moderno hoje em dia. O ladrão é culpa da polícia que não prende, é culpa da Justiça quando solta o que foi preso. Se a educação falar é culpa do colégio que não formou o aluno, da universidade privada que cobrou caro o estudo, da pública que não tem custo, nem vaga para todos.
Generalizamos. Chegar ao indivíduo, o que praticou o primeiro delito e não foi corrigido, ou por omissão, ou sugerindo propina é sempre muito mais difícil. Na semana passada, uma colega recebeu, assim do nada, uma série de fotos de um casal peladão. Não estou falando do Stênio Garcia e esposa. Era gente como a gente que, de repente decidiu fazer algo diferente. Ele e ela nus. Não eram modelos profissionais. Mas estavam ali, cheios de caras e bocas, bumbuns e demais apetrechos expostos.
Descarregaram as fotos no computador de um cyber café! Descuido absoluto. Tentaram colocar a culpa no dono do estabelecimento. Transformar o prejuízo em multa. Mas o proprietário alegou ter um aviso bem grande, sobre questões de segurança online nas paredes do estabelecimento. Aqui no Vale do Taquari, só para ficar nas proximidades de casa, já vimos coisas bem semelhantes. E a culpa? Quase acusaram as vítimas!
A culpa até pode ser da imprensa ou do jornalista que não consultou as fontes, mas no fundo, a escolha, o bom senso é algo que parte do indivíduo. Não é apenas o ministro a fugir de um mea culpa, volta e meia, eu me vejo entregando em mãos alheias pecados ou sentimentos equivocados que o lado ruim de minha cabeça gerou.
Sim, está faltando um autoexame, uma reflexão sobre a parte de cada um nestes processos sociais. Não vou dizer que a culpa é da imprensa, dos políticos ou do sistema. A responsabilidade inicia no seio das famílias, na educação que levamos de berço, dos conceitos que criamos a partir de exemplos e lições de vida. Dividir e nunca inflar responsabilidades artificialmente.
Por exemplo, se o texto de hoje estiver carregado de erros gramaticais, a culpa não será de meus mestres do passado ou do revisor do AT. Mas deste colunista que procrastinou atrasando a conclusão deste artigo. Desta vez passa, não é? Afinal reconheci meu erro.