De novo as redes sociais e seus espantos. Agora uma jovem australiana, Essena O’Neill, com 600 mil seguidores no Instagram, resolveu jogar limpo e confessar que tudo que postava em textos e imagens era mentira, maquiagem digital. “As mídias sociais, especialmente da forma como eu uso, não são reais. Suas imagens artificiais e seus clipes editados disputam um ranking. É um sistema baseado na aprovação social, curtidas, visualizações, sucesso com seguidores”, escreveu Essena. Até aí nada de novo. Mas quem não gosta dessa aceitação bajuladora? O risco é viciar-se nesse jogo.
A partir daí, para ganhar notoriedade, vale tudo. Ou você é idolatrado, ou odiado. Adoração e fúria são frequentes nestes espaços. Essena ganhou dinheiro para posar com roupas de grife, como se fossem suas. Produziu milhares de fotos para escolher uma ou duas que curtisse e motivasse outros a segui-la. Na vida real, é igual a tantas outras. Sofreu sérios problemas de acne, de insegurança e solidão. Sentia-se gorda e feia como quase todas as meninas de sua idade.
A partir dos 12 anos, quando descobriu o Instagram. Emagreceu e passou a usar todos os disfarces possíveis para vender a imagem de princesa, incentivada por grifes que lhe pagavam um bom dinheiro. Engana os seguidores com artifícios como sutiã para dar volume aos seios, calcinhas para empinar o bumbum ou imagens tipo geração saúde, como se fizesse exercícios quando na verdade, não malhava tanto assim.
“Mídia social não é vida real” é o titulo de seu novo Instagram. Apagou mais de duas mil fotos e criou um site para contar toda a “verdade da sua vida”. “Tudo o que você vê é o que você quer ver”, filosofou a australiana. “É tão fácil fazer com que fotos forçadas pareçam singelas”, disse enquanto publicava uma foto em que aparecia de biquíni, posando de costas, esforçando-se em parecer sexy. “Nada nesta imagem é inspirador para gerações mais jovens ou cria uma mudança real”, concluiu.
Crescer como uma fraude é realmente assustador. Imagino a infelicidade ao não poder oferecer um pingo de sinceridade e ainda, em troca, conquistar a admiração que não era para si, mas dirigida a um personagem. E qualquer personagem não tem família, tem autores. E não ser dono da própria história pode levar a um final trágico. Pensem nisso.