Desculpem falar da gente de minha cidade em um artigo voltado ao povo do Vale do Taquari. Mas como porto-alegrense que sou, às vezes me cansam as discussões pueris provocado por um time de chatos, sempre contrários a tudo e todos. Um colega jornalista, o Flávio Dutra, diz que vivemos em “Pequenópolis, uma cidade grande, com gente que pensa pequeno”. Tudo é motivo para nariz torcido. A população reclama do trânsito e o poder público oferece uma alternativa. Aí quando se inicia a obra de um elevado, ou túnel, por exemplo, lá vem os pequenópolitanos – que são meia dúzia – a gritar contra a mudança na paisagem, ou a derrubada de uma árvore meio podre, mesmo que se plantem outras dez no entorno.
A cidade trava com esse humor nefasto, pessimista e rançoso. A grande maioria que apoia, ou vai para um estéril bate-boca, ou silencia. A bronca histérica da hora está focada nas obras do Cais Mauá e o Projeto Orla. Tudo aprovado, obras magníficas, assinadas por ninguém menos do que Jaime Lerner e, lá estão eles a citar opiniões falsamente técnicas para confundir a população. Chegam a reclamar dos tapumes de proteção, colocados em qualquer obra. Na cabeça doente desses, é para “esconder o que estão fazendo contra o Guaíba”. Eu tenho certeza de que quando concluída, o bando de chatos pseudo defensores da cidade, frequentará com sua pompa estúpida o novo espaço restaurado.
Lembro que no ano passado acompanhei o Beatles Day, na Cidade Baixa, o bairro boêmio e polêmico, é claro, da Capital. Como bom beatlemaníaco, fui lá. A festa rolou tranquila, sem incidentes, e terminou cedo, antes da meia-noite, em respeito aos vizinhos. Mesmo assim, reclamaram do trânsito desviado, das luzes e do show com a música dos quatro cabeludos de Liverpool. Neste ano, por questões de segurança, o produtor do evento, iniciado a partir de uma livraria em 2011, foi para o pátio de um shopping, com shows, palestras e curiosidades sobre a banda. Ficou legal, mas na rua, era mais divertido.
Agora espero uma nova batalha dos maus humores. Foi anunciada nesta semana a instalação de um toboágua, dia 29, em plena rua Mostardeiro, movimentada via da Capital. O escorregador será instalado no topo da íngreme descida. Quem passa por lá de carro, sente um “frio na barriga”. Será diversão pura, adrenalina. Mas bloqueará o trânsito por um dia. A meia dúzia do contra, já está a fazer cara feia. Gostaria de ver um desses chatos jogado nesta queda, que chegará a uma velocidade de até 40km por hora até cair em uma piscina de 25 metros de comprimento. Quem sabe, no susto, teria um prazer diferente do costumeiro atrapalhar a vida de quem olha para a frente.
Mas uma vez peço desculpas aos amigos do Vale do Taquari. Tenho certeza que aí não se enfrenta esse tipo de intolerância. Mas é difícil aguentar sem um momento para o desabafo, que faço aqui, neste caderno do AT. Se vocês enfrentassem, a todo momento essa gente voltada para o passado, que intimida aqueles que pensam que o novo é inevitável, me dariam razão. Por sorte, nós porto-alegrenses podemos contar com o apoio da turma do interior que curte as novidades de uma Capital que, não é apenas dos que aqui nasceram, mas de todos os gaúchos.

