Depois das enchentes, as tragédias continuam na ordem do dia. O mar de lama que assolou o município de Mariana, em Minas Gerais, e os atentados sem precedentes perpetrados em Paris, ainda ocupam as manchetes que sensibilizam milhões de pessoas por motivos diferentes.
A barragem que se rompeu espalhando lodo tóxico é mais um exemplo da ausência crônica de fiscalização. “Se dependesse de leis, o Brasil seria igual a Suíça”, repete o vice-prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, com quem trabalhei em 2007 na Presidência da Câmara de Vereadores da Capital. Ele tem razão.
A contratação de uma empresa de auditoria que garantiu a segurança da estrutura da barragem se mostrou no mínimo equivocada. Foi apenas o cumprimento da burocracia que exigia este documento. O que se viu foi o descaso com o estado de conservação da obra. Resultado: morte de inocentes, destruição da fauna e flora de dezenas de municípios, interrupção e comprometimento no fornecimento de água para milhões de moradores de pelo menos dois Estados e o mais grave: o risco de que duas outras barragens se rompam a qualquer momento.
Em Paris, o estigma da sexta-feira 13 nunca foi tão assustador. A diferença foi de que o “pior dos mundos” deixou a ficção. Se transformou numa realidade aterrorizante, comprometendo a segurança de uma das mais modernas metrópoles do mundo, centro multicultural para onde convergem milhões de pessoas vindas de todas as partes do planeta para morar, estudar ou fazer turismo.
Escolher prefeitos e vereadores com critério é o mínimo que se pode fazer para melhorar o país
O ano de 2015 chega ao final sem deixar saudades. O outro mar de lama, cujo epicentro se localiza em Brasília, contribuiu para levar temor a todos os brasileiros. A paralisação do país, resultante do impasse político que inviabilizou a Presidente Dilma e o Presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha, contaminou todos os quadrantes da vida nacional.
Negócios foram interrompidos, investimentos adiados, crescimento suspenso em vários segmentos, incerteza generalizada marcaram um ano onde a única afirmação, talvez, seja a necessidade de se escolher com mais critérios nossos representantes. Estamos a 11 meses da escolha de prefeitos e vereadores. É mais uma oportunidade de pensar com critério sobre nossos municípios, onde tudo realmente acontece.
Prefeitos e vereadores são conhecidos de todos nós, pessoas acessíveis das quais conhecemos o passado, a trajetória profissional e a competência (ou não) para conduzir as comunidades. De nada adianta criticar e não participar, condenar e nada fazer.
A eleição é, acima de tudo, a grande chance para que a cidadania diga “não” aos absurdos que nos atemorizam todos os dias através de escândalos imperdoáveis. Façamos a nossa parte. É o mínimo que se pode pedir para, ali adiante, poder cobrar daqueles que foram eleitos.