Uma das áreas nobres de Porto Alegre acolheu uma Mamãe Noel, vestida apenas do típico gorro vermelho, com pompom fofo e um reduzido biquíni fio dental. Entrou e saiu no Shopping Moinhos de Ventos, na maior calma. Os seguranças a cobriram com um casaco. Não há registro se no local havia um Papai Noel, daqueles simpáticos refrigerados a ar e prontos para fotos com as crianças. “Amor, estou aqui! Tu não vai sentir frio?” gritaria o bom velhinho a sua talvez esposa Noel. “Senta aqui!, gritaria ele, apontando o joelho gorducho. Mas ela não estava ali para um momento família natalina. O negócio dela era provar que tudo é possível, ou tudo é improvável. Sei lá.
Na verdade, as coisas estão muito esquisitas por aqui. Ou é a violência extrema, a corrupção debochada ou esses casos de exibicionismo excêntrico. Ao final das contas, essa mania de andar sem roupa, vestido de pelos e ar abobalhado dos espectadores alheios, me parece uma exagerada metáfora da situação da grande maioria dos brasileiros. Pelados, nus de mão no bolso.
Talvez seja um dos motivos que tenham levado a Playboy a parar com os nus. Duvido que tenha algo a ver com respeito à condição feminina. A verdade é que ao vivo é melhor, mais impactante. No mundo virtual, das redes sociais a coisa anda assim também. Um colega, um jovem estagiário, sofreu pressão da namorada que estava achando que ele era gay, ou não a amava. “Eu não havia pedido uma foto dela sem roupas pelo whatsapp”, confidenciou o aprendiz de publicitário. Em outras palavras, apesar dos riscos, a moda é sair por aí, com pouca ou nenhuma vestimenta. Neste caso, antes elas do que o verdadeiro Noel.
Em São Francisco, a libertária cidade norte-americana, essa moça andaria sem problema. Lá a nudez não é castigada desde que usada sem conotação sexual. Sem baixarias no baixo ventre, para ser mais direto. Eu tenho lá minhas dificuldades em diferenciar o nu da sensualidade. Olhar uma mulher bonita sem roupas, mesmo de forma natural, sem poses, caras e bocas, me provocaria certa tensão.
De qualquer maneira, escrevo tudo isso, às vésperas do Natal, para desejar, sinceramente, que todos os meus leitores tenham uma noite tranquila, com uma ceia bonita – em paz, longe dos bandidos, dos ladrões de recursos públicos e que o peru colocado à mesa, seja aquela ave que nos habituamos a assar com uma receita especial da vovó. O mesmo vale para o chester, aquela galinha de peito grande. Nada de surpresas! Até porque um Noel à vontade, com pança, renas e um saco cheio de presentes, seria algo assustador. Um trauma que podemos evitar!
Era isso! Nos vemos em 2016.
Feliz Natal!

