Depois de 16 anos na Rede Globo, Jô Soares sairá do ar. A notícia não me abalou. Como a maioria dos telespectadores, já fui apaixonado pelo Gordo que fez história como comediante. Os inúmeros personagens criados por José Eugênio Soares – seu nome civil – estão eternizados na trajetória da televisão brasileira.
Há muito tempo deixei de assistir ao Programa do Jô. Por vários motivos. Primeiro, por causa do horário, instável, geralmente varando as madrugadas. Depois, pela repetição de entrevistados que nem sempre me agradavam, sem falar na intimidade com alguns artistas com os quais mantém amizade pessoal. A última temporada estreia em março. Jô Soares foi atração no SBT, sob o título de Jô 11 e Meia
Para evitar as entrevistas desinteressantes, optei pelo programa Semana do Jô, exibido no canal GNT, que é um compacto das principais atrações. Os bate-papos são selecionados, editados e levados ao ar com poucos espaços comerciais.
O escritor, humorista, diretor e ator estreou na Globo em Faça Humor, Não Faça Guerra, nos anos 70. A partir daí comandou diversos programas como Viva o Gordo, que iniciou em 1980). O primeiro programa de entrevistas de Jô Soares na Globo foi o Globo Gente, levado ao ar em 1973.
A superexposição de atores, atrizes e celebridades de todo gênero frequentemente leva à exaustão diante dos telespectadores. Um exemplo são as baianas Ivete Sangalo e Cláudia Leite. Elas anunciam de tudo: operadora de celular, xampu, cerveja, perfume e empreendimentos imobiliários em diversos estados, entre outros produtos.
Poucos souberam sair de cena como Pelé, um craque dentro e fora dos gramados
Todo candidato ao estrelato sonha com o rosto estampado em revistas de circulação nacional, em comerciais exibidos durante a novela das nove, no intervalo do futebol, na propaganda afixada no vidro traseiro dos ônibus ou num anúncio de página inteira dos grandes jornais.
Atingir esta meta, porém, pode levar ao excesso de exposição, caminho mais curto à ojeriza do público, cansado da mesmice que parece invisível aos olhos dos gênios da publicidade. Jô Soares já foi um dos principais formadores de opinião do Brasil. Sentar em seu sofá mágico, erguer a mítica caneca e ser servido pelo garçom chileno Alex era o sonho dourado de todo aspirante à celebridade.
Mas, como tudo passa, hoje o humorista de peso da Globo “virou o fio”, tornou-se uma atração sem brilho, situação agravada pela patética entrevista com a presidente Dilma Rousseff. O mais difícil do sucesso é saber a hora de sair de cena. Poucos foram tão inteligentes como Pelé, honrosa exceção. Ele deixou os gramados ovacionado e por isso é idolatrado em todo o mundo. Além de craque, o atleta do século é inteligente e bem assessorado, mantendo intacta sua imagem de ídolo eterno.